sábado, 10 de novembro de 2007

“A nudez naturista é uma forma de autoconfiança”

Publicado no site Região-Sul - Portugal

O Clube Naturista do Algarve, fundado em 4 de Julho de 2003, conta hoje com 70 sócios. Para a prática naturista têm duas praias legalizadas. Mas o naturismo ainda é muito reprimido pela sociedade. O Região Sul entrevistou o presidente do clube, Álvaro Campos, que fala da filosofia adjacente e dos preconceitos “tendenciosos” que existem. Nascido no Porto em 1953, a viver em Lagos desde 82, o responsável diz que na Europa o naturismo está a crescer, mas que particularmente em Portugal, nem por isso, devido a uma sociedade retrógrada.

Sucintamente, o que é e do consta a filosofia naturista?

Respondo muito sumariamente: respeito por si mesmo; respeito pelos outros; respeito pelo meio ambiente.

Muitas pessoas ainda associam a pratica do naturismo - especialmente na vertente do nudismo - ao sexo. Como desmistifica esta situação?

É uma imagem que não foi criada pelos naturistas, mas por algumas franjas da sociedade de uma forma tendenciosa e nunca esclarecida, que, por razões várias (religiosas, económicas, etc), “criou” essa diferença, impondo que os órgãos genitais estivessem permanentemente tapados, evitando assim dar a conhecer a sua existência, reprimindo assim, o nosso corpo. A nudez naturista é uma forma de autoconfiança e a aceitação natural do nosso corpo, onde a sexualidade faz parte integrante de qualquer ser humano, excluindo todos os comportamentos de exibicionismo/voyeurismo.

Nos dias de hoje, vê o naturismo como uma filosofia com potencial para cativar muitas pessoas, ou a sociedade precisará de muitos anos para encarar essa pratica naturalmente?

Assiste-se em todo o Mundo, especialmente na Europa, a uma grande aderência à prática naturista. Em Portugal, o seu crescimento é lento, fruto de uma sociedade que tem demonstrado ser retrógrada. Apesar de existir uma Lei (a qual penso estar desajustada aos nossos tempos) que defende a sua prática, deparamo-nos constantemente com grande oposição à legalização de espaços naturistas, por parte das entidades oficiais.

No Algarve existem duas praias legalizadas para o naturismo. O clube está a tentar legalizar mais. Quantas seriam as ideais? E qual o ponto da situação relativamente aos processos a decorrer nesse sentido?

No entender do Clube Naturista do Algarve o ideal seria a legalização de seis praias naturistas, abrangendo, de uma forma coordenada, toda a orla costeira algarvia. Paralelamente, defendemos a criação de infra-estruturas turísticas/naturistas, de forma a dar apoio a esses mesmos espaços. Pretendemos também que todos os espaços naturistas (praias), deverão ter todas as infra-estruturas necessárias – apoios de praia (sanitários, recipientes para a deposição de lixo, nadador salvador, pequeno bar, acessos condignos e respectivo parque de estacionamento) – no fundo, não devemos ser tratados como cidadãos de segunda. Neste momento, foi entregue na Câmara Municipal de Portimão, o processo de legalização de uma das suas praias, para apreciação dos responsáveis pela Autarquia. Proximamente, faremos a entrega do processo de legalização da Praia das Furnas, no Município da Vila do Bispo.

O que devem fazer e por onde devem começar os algarvios que decidam iniciar-se no naturismo?

Eu direi antes: “algarvios e não só”. Uma das formas de iniciação à prática naturista, poderá ser nas suas próprias casas, sentindo a “libertação” dos seus corpos e criando auto confiança, de maneira a sentir-se bem consigo próprio. Posteriormente e, de uma forma gradual, deverão frequentar as inúmeras praias naturistas (oficiais e toleradas) da costa algarvia, que aconselhamos no nosso sítio: www.clubenaturistaalgarve.com de forma a integrarem-se “naturalmente” na nudez social. A nossa diferença é a nossa igualdade.

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