quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Tabu Chinês
Publicado no site Guia da Semana - Brasília
A exposição Naked China do artista Frank Rothe ultrapassa os limites impostos pelo pudor e cria um raro retrato da China. O artista dialoga com a vida citadina retratando paisagens urbanas e fotografias de nus de alguns habitantes, jovens e idosos anônimos, de Beijing e Shanghai.
Rothe mostra a beleza colocada pela imperfeição e naturalidade das formas. Em algumas fotos as pessoas são tímidas e escondem o rosto, outras se viram e não olham para a câmera, afinal, a nudez é vista como um tabu na China.
A China mantém suas tradições, mas é um país com cidades superlotadas e uma das economias mundiais que mais cresce ultimamente. O fotógrafo utiliza-se deste cenário e ao lado de cada retrato de uma pessoa, Rothe coloca uma fotografia da cidade, feita com um longo tempo de exposição, apresentando o dia-a-dia da metrópole, o trânsito, as pessoas e até as batalhas armadas.
A liberdade de ficar sem roupa - Revista Vida Simples - Ed. Abril dez/04
A liberdade de ficar sem roupa
por Léa Maria Aarão Reis
Naturismo, nudismo, peladismo. O nome varia, mas a sensação é a mesma: ficar sem roupa, à vontade, uma experiência tão forte que cativa muita gente ao redor do planeta.
Na Alemanha, onde a prática nasceu como uma terapia da saúde, a helioterapia - banhos de sol com o corpo nu para combater várias doenças -, são mais de 2 milhões de praticantes.
No Brasil, há 250 mil adeptos cadastrados. Para a psicanalista Terezinha Mendonça, doutora em ciências sociais e presidente do Instituto de Estudos da Complexidade, trata-se de uma prática com sentido político. "Os naturistas almejam romper com certos padrões de conduta, recuperando um modo mais espontâneo da nossa capacidade gestual e expressiva. Buscam libertar-se do ônus imposto pelo culto do corpo perfeito", ela diz. Mas para Pedro Ribeiro, presidente da Associação Naturista da Praia do Abricó, próxima do Rio de Janeiro, o conforto também importa. "A sensação do naturista é de grande bem-estar. É um alívio não ter roupas apertando qualquer parte do corpo."
PARA SABER MAIS:
www.naturis.com.br
www.natmg.org.br
Algumas praias de nudismo: Pinho, Camboriú (SC); Massarandupió, Entre Rios (BA); Olho de Boi, Búzios (RJ); Brava, Caraguatatuba (SP);
Abricó, Rio das Ostras (RJ).
domingo, 3 de agosto de 2008
Sustentabilidade: Racionalize o uso de água
Feche a torneira: 5 minutos correspondem a 80 litros de água;
Economize água de banho:
- Compre um balde de 10 litros, que custa cerca de R$ 6,50;
- Deixe-o no box do banheiro. Quando for tomar banho, deixe a água fria encher o balde ao invés de deixá-la correr pelo ralo;
- Ao terminar o banho, despeje a água na máquina de lavar roupas ou guarde-a para utilizar no vaso sanitário;
- Acha inútil? Se metade de uma cidade com 1 milhão de habitantes fizer isso, a economia é de 5 milhões de litros por dia, o suficiente para abastecer as residências de uma cidade com 25 mil habitantes (Búzius fora da temporada).
O vaso sanitário é o maior vilão, representando cerca de 50% do consumo de água de uma residência. São 10 a 14 litros em apenas 6 segundos de acionamento. Uma dica é usar a água economizada no banho, conforme o item acima;
Veja mais dicas no Programa de uso racional de água da Sabesp
Sustentabilidade: Seja um consumidor consciente
- Compre produtos produzidos na sua região. Produtos que vêm de fora fazem o dinheiro sair do município, dificultam o desenvolvimento econômico local. O que fica é o lixo;
- Utilize papel reciclado. Sua produção demanda menos energia e recursos naturais;
- Consuma alimentos orgânicos. Eles são melhores para a saúde pois, contém menos produtos químicos; Eles são melhores para o terra, pois seu método de produção não reduz a fertilidade natural e a biodiversidade do solo; Eles não contaminam as águas pelo uso de fertilizantes e agrotóxicos petroquímicos que são carregados pela chuva a lençóis freáticos e rios; O aumento do consumo fará o preço do orgânico ser reduzido;
- Consuma menos carne vermelha. O gado confinado no mundo consome metade da produção de grãos; O gado solto, como é o caso do Brasil, promove o desmatamento para o plantio de pasto; Em ambos os casos, a produção de 1 Kg de carne consome 200 litros de água potável. O mesmo Kg de frango só consome 10 litros de água.
Perguntas e Dúvidas
A maioria dos homens tem ereções, isto é natural que ocorra em vários casos e é periódico e previsível.
Ereções ocorrem periódicamente durante o sono como resultado de estímulos internos, elas também ocorrem naturalmente como resultado de estímulo externo principalmente em situações sexuais. Como cada homem tem diferentes critérios de estímulos, é difícil definir que a ereção ocoreu por este ou aquele motivo.
Estes problemas ocorrem menos frequentemente do que você pensa. Recreações nudistas não são tão sexuais para a maioria dos participantes. Como em qualquer encontro social, as boas maneiras devem ser aplicadas. Se você ficar excitado numa praia naturista ou em qualquer encontro naturista, você e o grupo onde você está são os melhores juíses para definir sobre colocar a roupa ou tomar outra atitude. Naturistas geralmente dão um desconto a iniciantes para que eles nã se sintam sem graça; você também deve usar seu bom senso para evitar que eles também se sintam desconfortáveis com a situação. Se necessário, tome um banho ou mude de pensamento por algum tempo. Em qualquer situação, tenha bom senso e seja discreto.
E se estou menstruada?
Novamente, isto é natural que ocorra, e isto é uma das realidades do corpo que as mulheres devem conviver. Se você estiver confortável em usá-lo, um absorvente interno é o método mais simples para estes períodos do mês. Se for necessário um absorvente normal, então você deve usar um short ou a parte de baixo de um biquíni.
Na maioria dos casos, a mulher deve usar o que se sente mais a vontade; os outros não reclamarão se isto for feito de forma natural e apenas nos períodos.
E se eu encontrar alguém da escola ou trabalho?
Lembre-se que eles também estão lá, nús como você. Fique feliz por descobrir que aquela pessoa tem algo em comum com você.
Como agir quando estiver conversando com os outros?
É um pouco difícil para os novatos saberem para onde olhar. Para um naturista, não há diferença em estar nú. Tente ser o mais natural possível.
Tudo bem em olhar. Por sua curiosidade provavelmente você inicialmente olhará para as genitálhas e seios. Só não olhe fixamente. Em algum tempo, você será menos curioso sobre estas áreas e se concentrará mais na face e olhos.
Guia atualizado das "espécies" Nudistas
Nudistus vergoniosus
Habitat: Encontrado em todos os chuveiros do mundo. Às vezes pode ser encontrado em outras partes da casa, mas apenas por períodos breves.
Notas: Muito comum, mas raramente visto em seu estado natural. Passa a maior parte do tempo disfarçado, utilizando-se de peles sintéticas, naturais ou de outros animais para impressionar e conquistar o sexo oposto.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus vergoniosus
Sub-espécie: ainda desconhecida
Nudista Caseiro
Nudistus residencialis solitarius
Habitat: Encontrado em todos os ambientes das casas e apartamentos.
Notas: Dificilmente visto em seu estado natural, pois permanece assim apenas quando está sozinho.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus residencialis
Sub-espécie: solitarius
Nudista Familiar
Nudistus residencialis familiaris
Habitat: Encontrado em todos os ambientes das casas e apartamentos.
Notas: Costuma ser visto em seu estado natural quando está sozinho ou na presença de indivíduos da mesma família. Uma sub-espécie mais comum do que se imagina.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus residencialis
Sub-espécie: familiaris
Nudista Pele-de-algodão
Nudistus marquineas aparentis
Habitat: Inicialmente encontrado em lugares desertos, podendo se espalhar depois de algum tempo.
Notas: Quando expostas ao sol por muito tempo suas marcas brancas podem tornar-se vermelhas.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus marquineas
Sub-espécie: aparenti
Nudista Baleia-Branca
Nudistus marquineas propositalis
Habitat: Qualquer lugar onde haja mais pessoas nuas ou que não se importem com sua presença.
Notas: Apesar de estar sempre em contato com o sol em ambientes naturista, essa sub-espécie dos Nudistus marquineas prefere manter as marcas brancas. Muitas vezes é confundido com o Nudistus marquineas aparentis.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus marquineas
Sub-espécie: propositalis
Nudista Real
Nudistus naturisti communis
Habitat: Qualquer lugar onde haja mais pessoas nuas ou que não se importem com sua presença.
Notas: Evita de toda e qualquer maneira o uso de disfarces, chegando até a se esquecer que eles existem. Sofre muita discriminação por preferir viver em seu estado natural, independente de onde esteja.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus naturisti
Sub-espécie: communis
Nudista Pelado
Nudistus naturisti peladi
Habitat: Qualquer lugar onde haja mais pessoas nuas ou que não se importem com sua presença.
Notas: Uma sub-espécie dos Nudistus naturisti, têm exatamente o mesmo comportamento do Nudistus naturisti communis porém um pequeno detalhe o diferencia desse, não possui nenhum pelo no corpo, apenas os cabelos, sobrancelhas e cílios.
Família: Peladus
Gênero: Nudistus
Espécie: Nudistus naturisti
Sub-espécie: peladi
Nudista-das-pedras
Taradus nudisti
Habitat: Praias hedonistas e praias desertas, sem o apoio de umas associação naturista.
Notas: Encontrado geralmente sozinho, sempre escondido entre pedras e vegetações. Recentemente estudiosos confirmaram sua verdadeira linhagem. Inicialmente classificado como sendo do gênero Nudistus, descobriu-se agora que se trata de um outro gênero da família dos Peladus, a dos Taradus, um grupo de indivíduos com desvios de comportamento. Depois dessa descoberta não é mais considerado uma espécie de nudista.
Família: Peladus
Gênero: Taradus
Espécie: Taradus nudisti
Sub-espécie: ainda desconhecida
Se você conhecer alguma outra espécie de nudista, mande-a para nós clicando aqui!
Reportagem sobre Naturismo na Revista da Folha
Mar, areia, sol, corpos dourados. O Brasil não seria Brasil, no imaginário tupiniquim ou globalizado, sem suas milhares de praias e mulheres de biquínis minúsculos, quase virtuais. Mas com toda essa fama, e por mais experimentado que seja o freqüentador do litoral, ele fica corado (não bronzeado) diante de uma categoria de praias que ainda o intimida: as naturistas.
Não adianta: por mais maduro que o movimento nudista queira parecer no Brasil, a tribo dos que usam sungão e biquíni, maioria arrasadora da população, ainda reage com uma curiosidade infantil quando alguém diz que esteve em uma praia dessas: “Como é: fica todo mundo pelado mesmo?"; “Tem mulher bonita ou só gente pelancuda?"; “Muito gay?"; “O povo transa na praia?".
Isso mostra que não é tão fácil conciliar a indiferença européia com o fantasioso inconsciente coletivo dos trópicos. Se na Alemanha, onde o naturismo surgiu no início do século 20, vovós e netinhos promovem alegres convescotes com as partes ao léu, aqui embaixo, a indefinição é o regime, como diz a canção.
O número de praticantes do movimento no Brasil dobrou nos últimos cinco anos, segundo a Federação Brasileira de Naturismo. Calcula-se que hoje existam cerca de 300 mil naturistas no país - levando-se em conta a dimensão da costa brasileira, um percentual ainda muito pequeno. O movimento não se restringe às regiões litorâneas do país. É cada vez mais comum Estados sem praias criarem clubes e ranchos onde a prática é permitida.
O litoral brasileiro tem diversas categorias de praias naturistas. Nas “toleradas", a prática é aceita e não existem regras de conduta nem fiscalização. As “eventuais” são geralmente desertas, isoladas e de difícil acesso. Nas “oficiais", a prática é referendada pela prefeitura. Essas são as mais sérias e rígidas, contam com associação, legislação de proteção aos naturistas, manual de normas de conduta e, geralmente, fiscais voluntários. No litoral brasileiro, há apenas sete: Pinho, Galheta e Pedras Altas, em Santa Catarina; Abricó, no Rio de Janeiro; Barra Seca, no Espírito Santo; Massarandupió, na Bahia; e Tambaba, na Paraíba.
São as oficiais (nem todas) que normalmente abrigam uma subcategoria: as praias “pudicas” ou “caretas", que proíbem a entrada de homens sozinhos e casais gays. Seu público costuma ser uma mistura de famílias e casais héteros comportados.
Já as de “azaração", ou “pegação", recebem um público misto, que pode estar a fim de ver e ser visto (ou pegar e ser pego) sem a repressão de patrulheiros. Acolhem homens e mulheres de qualquer orientação sexual(*).
Nem sempre a convivência é tranqüila. De um lado, ficam os adeptos, uma população fixa, que cultiva a filosofia de liberdade e interação com a natureza (**). Do outro, os eventuais, turistas, curiosos, iniciantes e os visitantes indesejáveis, mais interessados na sacanagem.
As visitas mostram que nenhum dos dois lados costuma ser hegemônico. Existe gente tarada nas chamadas “praias para famílias", assim como há naturistas verdadeiros e respeito à privacidade alheia nas de “pegação".
Mandamentos
Embora as perguntas do segundo parágrafo possam soar blasfêmicas aos ouvidos naturistas, elas não são assim tão descabidas. Respondendo aos curiosos, sim, na maior parte das vezes todos têm de ficar pelados (a exceção entre as cinco praias visitadas pela reportagem é Galheta, em Florianópolis, onde a nudez é opcional); sim, a idéia é não dar importância ao “corpo físico” e por isso as “pelancudas” são tão bem-vindas quanto os “violões"; sim, há muitos gays, e, finalmente, sim, boa parte deles e também alguns casais novidadeiros parecem ser mais chegados a uma transa nas pedras do que à beleza da natureza.
Na entrada das praias oficiais, há uma placa elencando o “código de ética” (leia na pág. 15), que inclui “evitar comportamento sexualmente abusivo"; “não portar ou usar drogas ilícitas"; “não fazer propostas inconvenientes com conotação sexual".
“Geralmente, casais que se encaminham para as pedras querem sacanagem. No início, quando comecei aqui, parecia o Vietnã: olhava para o mato, só via cabecinha entrincheirada", conta o segurança Vilmar Mello, 31, um dos seis contratados desde dezembro para controlar os excessos dos visitantes na praia do Pinho, a pioneira do Brasil, em Santa Catarina.
Com um walkie-talkie na mão, Vilmar e seus colegas espalhados pela praia se comunicam para avisar qualquer movimento suspeito. Eles estão ali também para impedir o ingresso de “clandestinos” pelo morro lateral que possibilita o acesso pela praia vizinha -no Pinho paga-se R$ 5 o ingresso de carro e R$ 1, a pé.
“A praia é explorada comercialmente pelos herdeiros de um pedreiro conhecido como o ‘velho (Domingos) Fonseca’, já morto, que comprou as terras do entorno a preço de banana", explica João Luiz da Cruz, 45, um dos militantes voluntários.
Os familiares (únicos de roupa no local) administram o camping, a pousada e o bar na beira da praia; os naturistas se outorgam o direito de impor a filosofia na areia. A própria reportagem foi barrada quando disse que pretendia (com as devidas autorizações) entrevistar e fotografar os banhistas.
“Não dá pra fazer", recusou secamente Elmo (ele não quis dizer o sobrenome), vice-presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho, pelo interfone de sua casa naturista. Depois de algumas negociações, voluntários e o próprio presidente permitiram que a equipe entrasse e entrevistasse os que se dispusessem.
A tentativa de interdição ocorre em outros lugares, ignorando o aspecto legal. Nas praias em que o naturismo é oficializado, a lei autoriza a prática, mas não dá aos adeptos o direito de obrigar os visitantes a tirar a roupa, atitude comum em parte delas.
“Entende-se que estejam tentando proteger o grupo de desrespeitos ao código de ética ou de abordagens sexuais invasivas etc. Mas impedir a entrada de quem quer que seja, vestido ou não, é absolutamente ilegal. A lei autoriza a pratica do naturismo, não a privatização do local", explica o advogado Hedio Silva Jr, doutor em direito institucional pela PUC e conselheiro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
Um truque comum usado pelas iniciantes para evitar a nudez total é dizer que está menstruada -nesses, ou naqueles dias, os naturistas toleram que a mulher use só a parte de baixo do biquíni. A jornalista de Salvador Melissa, 23, que pediu para não ser identificada, era uma dessas. “Eu morria de curiosidade, então vim com uns amigos. Mas estou de OB e não quero que ninguém perceba", dizia ela, em sua primeira incursão numa praia do gênero, Massarandupió, na Bahia.
Tribos diferentes
A nudez impositiva não é o único aspecto que destoa da filosofia corpo & natureza & harmonia pregada pelos movimento. O que fazer com a numerosa fatia GLBT dos freqüentadores é outro grande problema, segundo Elias Alves Pereira, 60, presidente da federação.
“Não podemos discriminar ninguém, nem gays nem lésbicas, temos de aceitá-los, mas esse é um assunto muito polêmico no meio", diz. “Os adeptos ainda criam muita resistência. A praia naturista é um modelo para a família, então eles dizem: ‘O que vou dizer para o meu filho de oito, nove anos, se chegarem dois homens e começarem a se beijar na nossa frente?’.”
“Separar os gays do resto da praia é um absurdo, é crime. Aqui, temos o maior respeito pela orientação sexual das pessoas, e só tira a roupa quem quer", defende a gaúcha Suela Dili Bretanha, 54, tesoureira da Associação Amigos da Galheta, de Florianópolis.
“Acho legal separar os gays dos outros banhistas porque somos fashion, vivemos mais intensamente a sexualidade e os assuntos são outros", declara o tradutor argentino Martin Barrer, 38, que está em Galheta com o namorado.
Elias Pereira afirma que a federação também recomenda permitir a entrada de homens sozinhos. “Mas é preciso passar por uma entrevista. É naturista? Já freqüentou outros pontos? Conhece o código de ética? Não é só chegar e ir entrando.”
Em Massarandupió, uma das “oficiais", dois homens tentaram em vão entrar: foram imediatamente expulsos por dois patrulheiros, que se auto-proclamam “xerifes". “São duas bichas", explicou um dos diretores à reportagem, negando-se a dar seu nome completo. “O problema é que bicha não controla a ‘feminilidade’. Já lésbicas são bem-vindas.” Por quê? “Lésbicas são sensuais, bichas são agressivas", acredita.
Os naturistas arraigados argumentam que a discriminação é necessária “senão o povo não entende". “Infelizmente a cultura do brasileiro não permite a convivência de todos os banhistas como um grupo só. Tem o cara que vem para ver mulher pelada mesmo. Então, é preciso dar uma organizada, senão vira outra coisa", diz Carlos Galz, 51, presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho.
Foi essa tentativa de “dar uma organizada” que acabou criando uma instituição bem brasileira, a “faixa de adaptação", um espaço para o debutante constrangido: ali ele pode ficar o tempo necessário até tomar coragem de ficar nu.
“Será que a gente pode tirar o calção lá no meio?", perguntam, na praia do Abricó, no Rio, três homens que se recusam a se identificar porque dizem estar “fugindo das mulheres". Cerca de uma hora depois, os três gritam para a reportagem, alterados, com latinhas de cerveja nas mãos: “Ó, a gente tá pelado! Entramos!”
Olhar estrangeiro
A miscelânea de permissividade e controle desconcerta os turistas, principalmente estrangeiros. “Aqui o público é muito diferente do que freqüenta praias semelhantes na França", compara na Bahia a fisioterapeuta francesa Sylvie Henry, 48, que costuma freqüentar o resort naturista Cap d’Agde, no sul da França, e praias em Ibiza, na Espanha, com o marido, o exportador de vinhos Marco, 48. “Lá é tudo misturado, todo tipo de gente junto. Aqui, se alguns homens chegam sozinhos, são postos para fora. Por que não podem entrar e tomar uma ‘cerveza’? Se causarem problema, aí tudo bem expulsar", diz.
“O mais engraçado é que no Brasil as mulheres cobrem o traseiro com uma nesguinha de pano, mas acham um tabu ficar peladas", dizem, intrigados, o engenheiro de som Andrew Rutland, 35, e a bailarina Serena Bobowski, 31, ingleses, de férias em Búzios.
Nas mais rígidas, a inflexibilidade acaba tirando muito do relaxado e descontraído “clima de praia” a que o brasileiro está acostumado. “Se você vai a uma praia normal, conversa, faz sinal, mas aqui fica inibida com essa patrulha toda. É esquisito", diz a pedagoga Márcia Fiorotto, 37, que chega na Abricó com o irmão e a cunhada.
O problema é que a obsessão com a nudez faz alguns naturistas se portarem como aquele anfitrião de uma festa à fantasia que não relaxa nunca, porque tem que fiscalizar se quem chega usa o traje adequado. No Rio, o presidente da Associação Naturista Abricó, Pedro Ribeiro, e seus companheiros passam a maior parte do tempo pedindo que os visitantes tirem a sunga ou o biquíni quando atravessam a faixa de adaptação.
“A nossa idéia era chegar, escolher um lugar, abrir o guarda-sol e tirar a sunga", diz o funcionário público mineiro Márcio Almeida, 34, que está com dois amigos na faixa de adaptação. “Mas eles não nos deram tempo, já partiram pra cima da gente. Ficamos meio desconcertados com o tratamento de choque e recuamos.”
Os envolvidos com o movimento não dão sopa nem aos próprios companheiros. “No congresso naturista do ano passado havia ‘anjos’ de várias idades, sem roupa, e, apesar de todos serem muito esclarecidos, não reagiram bem quando eu comentei: ‘Nossa, Fulano tem uma pinta no pinto’. Uma psicanalista conceituada me repreendeu: ‘Tá olhando o sexo dos outros, Andréa?", conta a professora de matemática Andréa Lúcia Costa, 32, que está com o marido e um casal de amigos em Olho de Boi, Búzios, litoral fluminense.
Olhar e erotismo
A obrigação moral de desviar o olhar ou de achar tudo natural nem sempre funciona. O músico Ubirajara Santana, 51, frequentador da praia do Pinho há 14 anos, conta ao lado da mulher, a tosadora Sandra Borges, 45, que o filho mais novo do casal não os acompanha mais: “Ele tem 16 anos, freqüentou a praia até os 12, mas aí surgiu um obstáculo que o envergonhava diante das amiguinhas. O pênis dele ficou muito grande".
Isso não incomoda os mais maduros. “Eu fico à vontade, nem penso em olhar para mulher nenhuma", afirma o aposentado Carlos Guimarães, 57, de Salvador, que freqüenta Massarandupió há oito anos, com a mulher, Maria da Graça, 47, microempresária. Carlos acha que praia naturista não tem nada a ver com sexo. “Todos os meus amigos morrem de vontade de vir. O problema é que o baiano quer ver a mulher do outro, mas não quer mostrar a dele. Aí o cara chega aqui e vê que não tem como ter uma ereção", conta, rindo.
“A gente está na tribo dos pintos murchos", confirma o professor de economia Angelo Caciatori, 38, recém-naturista, em Abricó. “É preciso haver uma deserotização, porque senão você não consegue encarar isso aqui.”
Para os nudistas de primeira viagem, que ganham o apelido de “ventilador” -porque ficam girando a cabeça de um lado para o outro, olhando tudo e todos, geralmente cobertos por boné e óculos escuros-, essa deserotização chega a ser chocante. “Quem vem de fora vê que não tem nada de erótico. Muita gente fica frustrada", conta o engenheiro carioca Inácio, 42, sem dar o nome completo, depois de tirar fotos de sua acompanhante de 25 anos no chuveiro de água doce. As imagens são um tradicional “suvenir” masculino quando a moça faz a linha mulherão.
A ausência do biquíni, quem diria, é um dos pontos levantados como fator deserotizante. “Tenho um amigo que diz que, de biquíni, a mulher entra na praia rebolando; sem ele, perde o rebolado", diverte-se o carioca Angelo.
Algumas delas concordam. “Eu me acho muito mais gostosa de biquíni, os caras paqueram. Aqui as pessoas se policiam para não olhar para o corpo da gente. Estou louca para colocar a minha calcinha de volta", diz a pedagoga Marcia, no Abricó. A professora Andréa Lúcia, que está em Olho de Boi, pensa o oposto, com o ponto de vista de uma mulher que mede 1,65 m e está “muito acima do peso": “Eu me sinto mais exposta de biquíni do que pelada: então, ou estou sem roupa, ou de maiô", explica.
Hora de se vestir. À saída da praia, o visitante percebe que falar muito do assunto funciona como uma espécie de antídoto contra o entusiasmo da novidade. Repetir mil vezes a palavra “nudismo", olhando para o objeto do comentário, faz sobreviver apenas um punhado de bundas, peitos e genitálias despidos de um significado erótico. Por isso, pela primeira vez, é realmente estranho vestir alguma coisa por cima da pele.
(*)
ONDE SE TIRA TUDO
17 lugares para praticar o naturismo no Brasil
PARAÍBA
- Tambaba
A primeira praia naturista oficial do nordeste e uma das mais festejadas do país. A 45 Km de João Pessoa, é freqüentada por famílias, casais e turistas estrangeiros
BAHIA
- Massarandupió
A única praia naturista oficial da Bahia, fica pouco depois da Costa do Sauípe, 130 Km ao norte de Salvador. Selvagem, para chegar é preciso enfrentar estrada de terra, travessia a pé de rio e caminhada nas dunas. Recebe casais, famílias e turistas estrangeiros. Homens sozinhos não entram
DISTRITO FEDERAL
- Planat
O Clube Naturista Planalto Central tem como sede uma fazenda a 50 Km de Brasília, com 96 hectares, freqüentada principalmente por famílias
MINAS GERAIS
- Rama Nat
Estância com piscinas, quadras, pesqueiro, chalés, apartamentos e área para camping. Também organiza festas temáticas. Para famílias e casais. Fica a 110 Km de São Paulo, pela Fernão Dias
ESPÍRITO SANTO
- Barra Seca
É preciso atravessar de barco o rio Ipiranga, já que essa praia oficial fica numa ilha no município de Linhares, a 142 Km de Vitória. Freqüentada por casais e famílias
RIO DE JANEIRO
- Abricó
Entre a Prainha e Grumari, é praia oficial de naturismo desde 2003. Recebe turistas, casais, jovens e curiosos
- Olho de Boi
Fica em Búzios. Tem acesso difícil e é freqüentada por gays, estrangeiros e casais. "Pegação" nas pedras
- Figueira
Pequena, fica entre a praia e as piscinas do Cachadaço, em Trindade, quase na divisa com São Paulo. Recebe jovens e casais
- Recanto Paraíso
Clube naturista em Piraí, a 90 Km do Rio, que oferece chalés e área para camping. Freqüência familiar
SÃO PAULO
- Clube Rincão
Hotel-fazenda em Guaratinguetá, a 176 Km da capital, com piscina, quadras, restaurante, sauna e outras áreas de convívio social. Recebe casais e famílias
- Praia Brava
Em São Sebastião (litoral norte), fica praticamente deserta na baixa temporada, quando é freqüentada por naturistas. Acesso por uma trilha que sai de Boiçucanga ou de barco, a partir de Maresias
- Praia de Castelhanos
Em Ilhabela, tembém utilizada dirante a baixa temporada, por ser isolada e de difícil acesso
SANTA CATARINA
- Praia do Pinho
O naturismo brasileiro começou aqui, em Camboriú. Primeira praia nudista a ser oficializada no país, tem três faixas distintas: para casais e famílias, solteiros e gays
- Galheta
Praia bombada de Florianópolis, é oficial e pluralista: aceita gays, héteros, famílias, todo tipo de gente. "Pegação" nas dunas
- Pedras Altas
Em Palhoça, a 20 Km da capital, é cercada por formações rochosas, que fazem com que a área fique mais isolada. Um lado é reservado para casais e famílias; o outro, para solteiros
RIO GRANDE DO SUL
- Colina do Sol
Uma minicidade naturista em Taquara, a 70 Km de Porto Alegre, onde vivem algumas famílias e para onde vão veranistas. Oferece comércio, serviços, áreas de lazer e esportes
- Portal do Paraíso
Em Gravataí, a 37 Km da capital gaúcha, é um clube naturista aberto a casais ou solteiros. Oferece piscina, lagos, pousada e área para camping
(**)
CONCEITO
Na definição da Federação Internacional de Naturismo, é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez em grupo e que visa favorecer o respeito por si e pelo outro, além do cuidado com o meio ambiente.
HISTÓRIA
Surgiu na Alemanhã no início do século 20, como resposta ao comportamento rígido do século 19. Em 1903, foi fundado o primeiro clube naturista do mundo, perto de Hamburgo. A prática se espalhou pela Europa, principalmente depois da 1ª Guerra, e, nos anos 50, foi criada a Federação Internacional de Naturismo. O movimento é disseminado nos países escandinavos, na França, Alemanha, Holanda e Bélgica, e também nos EUA e Canadá.
MANUAL ÉTICO OFICIAL DO NATURISMO
- Adotar integralmente a nudez no recinto naturista
- Usar toalhas e similares nos assentos públicos
- Estimular, através da discrição, respeito e amabilidade, que visitantes ainda não-adeptos sintam-se à vontade para iniciar-se na prática
- Receber com simpatia e aceitação qualquer tentativa amigável e respeitosa de aproximação
- Respeitar espaços e privacidade desejados por outros naturistas
- Qualquer ato de caráter sexual ou obsceno em locais de acesso público, praticado ou sugerido, implicará em imediata expulsão
- É proibido fotografar ou filmar sem autorização da diretoria e das pessoas envolvidas nas imagens
Fonte: Paulo Sampaio e Débora Yuri
Colaborou: Roberto de Oliveira
Folha de São Paulo - Revista da Folha, 30 de janeiro, 2005
domingo, 20 de abril de 2008
Nudistas reforçam protestos durante passagem da tocha pelos EUA
Olimpíadas 2008/Bastidores - (09/04/2008 13:47:40)
São Francisco (EUA) - Não são apenas os ativistas de causas de direitos humanos e da liberdade no Tibete que planejam protestar durante a passagem da tocha olímpica por São Francisco, nesta quarta-feira. Fora das questões sociais, um grupo de nudistas pretende se mobilizar durante o trajeto, pedindo o retorno da maneira antiga como os Jogos eram realizados na Grécia. Ou seja, com os atletas competindo nus.
Com causas mais ou menos sérias, os manifestantes precisarão burlar um esquema de segurança bastante reforçado para tentar atingir suas metas de mobilização. Equipados com patins, bicicletas e motos, os policiais farão o acompanhamento de cada um dos escolhidos para carregar o artefato. A cidade também recebeu cercas metálicas em alguns pontos do trajeto para evitar tumulto e invasões.
'Estamos tentando atingir dois objetivos aqui. Um é proteger o direito à liberdade de expressão e o outro é assegurar a segurança do público, e aqui em São Francisco nós somos bons nas duas coisas', garantiu o porta-voz do prefeito Gavin Newson, Nathan Ballard. A tocha irá atravessar a região da baía de São Francisco, mas a equipe de segurança está preparada para mudanças caso surjam imprevistos de última hora.
Além do esquema de segurança policial ter ganhado reforço, também foram adotadas medidas extras como a alocação de ambulâncias em pontos estratégicos e a convocação de reforço na equipe humana envolvida na proteção. O espaço aéreo da região ficou restrito à circulação de helicópteros destinados ao atendimento médico, equipes de televisão e outras situações de emergência.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Alemanha terá primeiro vôo nudista em julho
terça-feira, 29 de janeiro de 2008 13:53 BRST
FRANKFURT (Reuters) - Nudistas alemães poderão começar as férias do meio de ano tirando as roupas em um avião se aceitarem uma nova proposta de uma empresa de viagens.
A agência de viagens OssiUrlaub.de disse que começaria a aceitar reservas a partir de sexta-feira para uma viagem nudista experimental da cidade alemã de Erfurt, no leste do país, até o popular resort báltico de Usedom. A viagem está planejada para 5 de julho e custa 499 euros (735 dólares).
"É caro, eu sei", disse à Reuters o diretor administrativo, Enrico Hess, por telefone. "É porque o avião é muito pequeno. Não existe nenhuma razão real para que um vôo em que se voa nu seja mais caro do que qualquer outro."
Os 55 passageiros terão de ficar vestidos até entrarem na aeronave, e colocar as roupas novamente antes de desembarcar. A equipe de bordo seguirá vestida ao longo do vôo por razões de segurança.
"Eu gostaria de poder dizer que tivemos a idéia, mas ela veio de um cliente", disse Hess. "É uma lacuna incomum no mercado."
O naturismo foi banido da Alemanha pelo nazismo, mas voltou após a 2a Guerra Mundial, em especial no lado oriental.
"Existem hotéis naturistas onde você pode ir nu a restaurantes e lojas, por exemplo", afirmou Hess.
"Eu não quero que as pessoas tenham a idéia errada. Não estamos começando um clube de swing no meio do ar ou algo desse tipo. Somos uma agência de viagens perfeitamente normal."
(Reportagem de Georgina Prodhan)
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Tabu Chinês
Publicado no site Guia da Semana - Brasília
A exposição Naked China do artista Frank Rothe ultrapassa os limites impostos pelo pudor e cria um raro retrato da China. O artista dialoga com a vida citadina retratando paisagens urbanas e fotografias de nus de alguns habitantes, jovens e idosos anônimos, de Beijing e Shanghai.
Rothe mostra a beleza colocada pela imperfeição e naturalidade das formas. Em algumas fotos as pessoas são tímidas e escondem o rosto, outras se viram e não olham para a câmera, afinal, a nudez é vista como um tabu na China.
A China mantém suas tradições, mas é um país com cidades superlotadas e uma das economias mundiais que mais cresce ultimamente. O fotógrafo utiliza-se deste cenário e ao lado de cada retrato de uma pessoa, Rothe coloca uma fotografia da cidade, feita com um longo tempo de exposição, apresentando o dia-a-dia da metrópole, o trânsito, as pessoas e até as batalhas armadas.
Eva Mendes posa nua contra uso de peles
Manifestantes ficam nus em Barcelona para protestar contra uso de peles
Cerca de 150 pessoas ficaram nuas neste domingo em frente da Catedral de Barcelona para protestar contra o uso de peles na moda. Elas estavam pintados de vermelho --simulando sangue-- e ficaram deitados como se estivessem mortos.
O protesto foi promovido pela organização internacional AnimaNaturalis, fundada em 2003. De acordo com o grupo, a idéia é lembrar que "cerca de 20 animais", como raposas, lontras, castores e chinchilas, precisam morrer para que um casaco de pele seja confeccionado.
Além de ficarem nus, os manifestantes exibiam placas --em inglês e espanhol-- com a pergunta: "Quantas vidas por um casaco?".
"O objetivo dos participantes do ato foi conscientizar os cidadãos de que não é elegante usar peles de animais". afirma a AnimaNaturalis, em nota.
"Acreditamos que os animais não-humanos merecem direitos fundamentais, como o direito à vida, à liberdade, a não serem torturados e a não serem considerados uma propriedade", acrescenta a organização, em seu site.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Suecas fazem campanha por topless em piscinas públicas
Um grupo de suecas está realizando uma campanha para garantir às mulheres o direito de fazer topless nas piscinas públicas do país.O movimento, que ganhou o nome de Bara Bröst (peitos à mostra, em tradução livre), começou em 5 de novembro do ano passado, quando duas jovens foram expulsas de uma piscina na cidade de Uppsala, ao norte da capital Estocolmo, após tirarem a parte de cima do biquíni.
Leia o texto na integra no blog TopLivre