sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Problemas do Naturismo no Brasil - por Claudio

Recebemos este depoimento de um leitor do blog e achamos interessante publicá-lo aqui, para que todos que acessem esse site possam ler.

É interessante refletir sobre alguns detalhes, como o interesse apenas no sexo, o voyeurismo, a discriminação de grupos (solteiros e gays, principalmente) e a obrigação pela nudez total.

Nós, particularmente, achamos que todos devem ser aceitos, independente de sua opção sexual e estado civil. Analisando-se apenas suas intenções e seu comportamento num ambiente naturista, lembrem-se que, acima de tudo, o Naturismo é uma atividade familiar!

Quanto à obrigatoriedade da nudez em ambientes exclusivamente Naturistas, concordamos que ela deve ser mantida. Sendo retirada, apenas, na primeira visita.

Ora, se é exatamente isso que procuramos - lugares onde possamos permanecer nus - por que ficar vestido? Concordamos que se um dia a nudez for encarada como uma coisa comum, apenas como uma opção de estado de estar, e as praias em geral aceitem a nudez normalmente, aí sim ela deve ser liberada, e não obrigada. Mas enquanto isso não acontece, o melhor para o Naturismo, infelizmente, é a obrigação.

Obrigado, Claudio, pelo depoimento!
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"Desde criança sempre curti muito ficar nu. Lembro-me de que costumava tirar a roupa para assistir TV e quase sempre acordava nu, sem ao menos perceber que havia tirado o pijama. Era recriminado por isso, e passei então a evitar ficar nu em frente a outras pessoas.

O tempo foi passando e, chegada a adolescência, trouxe consigo a vergonha do próprio corpo, ainda mais sendo uma pessoa bastante tímida. Lembro-me, porém, de que em algumas ocasiões consideradas constrangedoras como, por exemplo, a famosa fila para inspeção médica do Exército, eu ficava nu sem a menor preocupação.

Cresci, casei-me, tive filhos e a nudez ficou para trás, exceto para dormir. Além de me sentir mais confortável, sou extremamente calorento, e comecei a me despir cada vez mais, até passar a ficar inteiramente nu em casa sempre que a ocasião permite. Minha esposa não teve remédio senão aceitar a situação, mesmo não concordando muito com ela.

Desde criança sempre curti muito ficar nu. Lembro-me de que costumava tirar a roupa para assistir TV e quase sempre acordava nu, sem ao menos perceber que havia tirado o pijama. Era recriminado por isso, e passei então a evitar ficar nu em frente a outras pessoas.

O tempo foi passando e, chegada a adolescência, trouxe consigo a vergonha do próprio corpo, ainda mais sendo uma pessoa bastante tímida. Lembro-me, porém, de que em algumas ocasiões consideradas constrangedoras como, por exemplo, a famosa fila para inspeção médica do Exército, eu ficava nu sem a menor preocupação.

Cresci, casei-me, tive filhos e a nudez ficou para trás, exceto para dormir. Além de me sentir mais confortável, sou extremamente calorento, e comecei a me despir cada vez mais, até passar a ficar inteiramente nu em casa sempre que a ocasião permite. Minha esposa não teve remédio senão aceitar a situação, mesmo não concordando muito com ela.

Resido em Petrópolis, região serrana do Estado do Rio, uma região belíssima, com enorme potencial para o turismo em geral e que poderia vir a se tornar um destino naturista. Surgiu então a idéia de criar um grupo na região. Coloquei anúncios em diversos sites e nos jornais locais e entrei em contato com estabelecimentos hoteleiros da cidade, recebendo várias respostas positivas. Pensei que os já praticantes gostariam da idéia de ter mais destinos naturistas. Aí começaram as minhas decepções. Recebi pouquíssimas respostas de pessoas interessadas (a maioria estava interessada em sexo) e quase nenhum apoio das entidades e locais naturistas já estabelecidos (exceção seja feita ao Ricardo, da NatMG e da Adriana, da GoiasNat, extremamente gentis e prestativos). Senti como se tudo o que é apregoado nos sites dos locais fosse propaganda enganosa: o que importa não é o futuro do Naturismo, mas o retorno financeiro dos sítios e clubes.

Como é possível a qualquer negócio ou movimento crescer e se expandir sem propaganda? Como é possível que um movimento cresça tolhendo os possíveis interessados? Jovens são desestimulados, homens sós não podem, gays não podem, seminus não podem e por aí vai. Por que na maioria das praias e clubes europeus a nudez total não é obrigatória e sim opcional? Porque as pessoas vão vestidas para conhecer e acabam se interessando e aderindo ao naturismo. Minha esposa se recusa a ir a um clube naturista. Então eu, que sou naturista, casado, que adoraria conhecer os clubes (sem nenhuma intenção de voyeur) e mostrar a minha esposa que a nudez coletiva não tem nada de errado ou sexual, sou proibido de freqüentar os locais destinados à prática. Não acho que a liberação levaria à invasão de grupos de homens com intenções sexuais aos clubes, afastando as mulheres. Acredito sim, numa seleção prévia. No meu caso, além de perderem a mim, estariam também deixando de atrair minha esposa, meus filhos (que poderiam permanecer naturistas quando se tornassem adultos e trariam suas próprias famílias) e outras pessoas com as quais compartilharíamos a experiência. Não sou administrador, mas a lógica me parece óbvia. Não seria mais fácil aceitar a entrada de pessoas (mesmo que não quisessem se despir de imediato) e analisar sua conduta (talvez evitando os locais de maior concentração, como já é feito na Colina) para depois admiti-los, antes de rotulá-los como tarados ou inconvenientes? Mas não, somos forçados a ir a praias, aí sim, cheias de voyeurs e swingers, o que com certeza apenas confirmaria a idéia que as pessoas têm de que naturismo é sinônimo de orgias...

Diante disso, só me resta continuar a praticar o naturismo em minha casa, torcendo para que iniciativas pioneiras e corajosas como as de Gabeira, dos Naturistas Cristãos, do YNAI, dos Homens Naturistas e outras tomem força e levem adiante a idéia de um Naturismo diferente, democrático, acessível para todos.

Caso alguém deseje entrar em contato, deixo aqui meu e-mail: natuserra@yahoo.com.br"

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