Não pregamos aqui que todos andem nus por aí, que o uso das roupas seja abolido. O que desejamos que aconteça é que as pessoas desmistifiquem a nudez. Que a nudez seja vista de uma maneira natural, sem erotismo.
A nudez familiar é o meio mais apropriado para que o corpo humano seja aceito na sua forma natural.
Permanecer vestido apenas quando estritamente necessário já é um bom começo. Fique sem roupas após o banho por um tempo mais prolongado, olhe-se no espelho e acostume-se com seu corpo nu. Durma com o mínimo de roupas possível, deixe que os cobertores façam o papel de aquecedor. Um short para os homens (sem cuecas, é claro) e uma camisola para as mulheres (sem calcinhas e sutiã) já é o suficiente.
Não julgue o corpo humano como uma coisa feia e suja. Não ensine isso aos seus filhos, com certeza assim, eles terão uma saúde mental e um posicionamento mais saudável perante a nudez.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005
Comporte-se como se estivesse vestido!
Isso é a alma do naturismo. Nada muda, apenas o fato de você estar sem roupas! O respeito e a amizade devem continuar. Não se preocupe excessivamente com o seu corpo, agir dessa forma mostra uma preocupação desnecessária com o corpo, tornando o ambiente, muitas vezes, erotizado demais. Esconder aqui, cobrir aculá, tapar ali acaba criando uma fantasia em novatos com a cabeça menos "esclaricida". Mostre-se por inteiro que logo a curiosidade passa e os olhares diminuem.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005
Vestidos e Pelados!
A convivência entre vestidos e pelados num mesmo ambiente é totalmente viável. Basta apenas haver respeito entre ambas as partes!
Isso é o futuro da sociedade! Respeito e direito de escolha!
Isso é o futuro da sociedade! Respeito e direito de escolha!
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005
Todo mundo nu! - Fantástico - Rede Globo
20/02/2005 | Todo mundo nu! Essa é a única lei no território livre que você vai conhecer agora! Nessa comunidade de gente pelada, tem até um padre que largou a batina para viver como se fosse no tempo de Adão e Eva.
Existe uma colina escondida a 80 quilômetros de Porto Alegre. E é essa a nossa direção.
O clube Colina do Sol é uma área fechada. Aqui dentro vivem 20 famílias. Mais de 200 pessoas vêm até este lugar nos fins de semana: são sócios e visitantes. Quem chega pela primeira vez não é obrigado a tirar a roupa. Homens solteiros só entram depois de uma entrevista. Dá pra passar o dia aqui, trazer barraca, construir um chalé ou alugar uma cabana. Os preços variam de R$ 10 para entrar até R$ 9 mil para adquirir o direito de construir dentro do clube.
"A gente acorda com os passarinhos cantando, o barulho do vento nos eucaliptos. Isso é coisa muito boa! Isso é o naturismo", comenta o médico Luiz Carlos Rodrigues.
O naturismo é uma prática que nasceu na Europa e valoriza a harmonia, o respeito, a simplicidade entre as pessoas e o meio ambiente. E pra curtir tudo isso tem praia, piscina, academia, espaços de lazer.
Fernando Hallam é funcionário público e vem pra cá há sete anos. "Isso aqui pra mim é meu lugar mágico eu recarrego minhas baterias, meu anti-stress".
Beth e Evelize adoram o conforto de passear ao ar livre. Mas nem sempre foi assim. "Você pensa: ‘Ai, meu seio está caído’, ‘Ah, porque eu tô gordinha’, ‘Estou mais velha’... No fim tu vê que não, que todas as idades são bonitas, sendo magro, sendo gordo, todo mundo é bonito", opina a empresária Evelize Cardone.
Isso sem falar na praticidade. "Não precisa trazer mala, não tem roupa pra botar, né? Um trabalho a menos!”, diz a esteticista Beth Gomes.
Nas cabanas e no supermercado, por exemplo, a nudez é opcional, mas na praia, nada de calção e biquíni. O traje oficial é absolutamente nada!
Quando Tereza Mello veio fazer a entrevista para trabalhar na recepção do clube há sete anos achou tudo muito estranho. "Eu fiquei sem voz. Eu pedi um cafezinho, o cafezinho derramou todo. Caminhando pelas ruazinhas, eu peguei e fui tirando a camisa, fui tirando a saia, fui tirando peça por peça".
Foi admitida na hora. Mas hoje trabalha de roupa como todos os funcionários. Bem ao contrário de quem vive por aqui.
Dona Deise é a moradora mais antiga da Colina do Sol. Chegou em 1995 e não saiu mais. Tem 70 anos, há 16 é naturista e conhece todo mundo na comunidade.
Curioso é o guarda-roupa de um naturista. A arquiteta Iara Stefen, que também mora no clube, nos levou até o quarto dela pra mostrar tudo ou quase tudo!
No armário bem enxuto, muitas cangas! Ela é usada pelos naturistas para sentar em cadeiras e proteger o corpo.
Seu Octávio Steffen usa canga só de vez em quando. Este home, que foi padre e durante 14 anos celebrou missas, deixou a igreja e casou com dona Zenir. Longe da batina há 30 anos, vive na Colina do Sol com toda a família: filho, nora, netos. “É bem diferente estar bem à vontade, como Adão e Eva, do que estar camuflado com roupas”.
fonte: site do programa Fantástico, da Rede Globo
Veja o vídeo da matéria aqui.
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Existe uma colina escondida a 80 quilômetros de Porto Alegre. E é essa a nossa direção.
O clube Colina do Sol é uma área fechada. Aqui dentro vivem 20 famílias. Mais de 200 pessoas vêm até este lugar nos fins de semana: são sócios e visitantes. Quem chega pela primeira vez não é obrigado a tirar a roupa. Homens solteiros só entram depois de uma entrevista. Dá pra passar o dia aqui, trazer barraca, construir um chalé ou alugar uma cabana. Os preços variam de R$ 10 para entrar até R$ 9 mil para adquirir o direito de construir dentro do clube.
"A gente acorda com os passarinhos cantando, o barulho do vento nos eucaliptos. Isso é coisa muito boa! Isso é o naturismo", comenta o médico Luiz Carlos Rodrigues.
O naturismo é uma prática que nasceu na Europa e valoriza a harmonia, o respeito, a simplicidade entre as pessoas e o meio ambiente. E pra curtir tudo isso tem praia, piscina, academia, espaços de lazer.
Fernando Hallam é funcionário público e vem pra cá há sete anos. "Isso aqui pra mim é meu lugar mágico eu recarrego minhas baterias, meu anti-stress".
Beth e Evelize adoram o conforto de passear ao ar livre. Mas nem sempre foi assim. "Você pensa: ‘Ai, meu seio está caído’, ‘Ah, porque eu tô gordinha’, ‘Estou mais velha’... No fim tu vê que não, que todas as idades são bonitas, sendo magro, sendo gordo, todo mundo é bonito", opina a empresária Evelize Cardone.
Isso sem falar na praticidade. "Não precisa trazer mala, não tem roupa pra botar, né? Um trabalho a menos!”, diz a esteticista Beth Gomes.
Nas cabanas e no supermercado, por exemplo, a nudez é opcional, mas na praia, nada de calção e biquíni. O traje oficial é absolutamente nada!
Quando Tereza Mello veio fazer a entrevista para trabalhar na recepção do clube há sete anos achou tudo muito estranho. "Eu fiquei sem voz. Eu pedi um cafezinho, o cafezinho derramou todo. Caminhando pelas ruazinhas, eu peguei e fui tirando a camisa, fui tirando a saia, fui tirando peça por peça".
Foi admitida na hora. Mas hoje trabalha de roupa como todos os funcionários. Bem ao contrário de quem vive por aqui.
Dona Deise é a moradora mais antiga da Colina do Sol. Chegou em 1995 e não saiu mais. Tem 70 anos, há 16 é naturista e conhece todo mundo na comunidade.
Curioso é o guarda-roupa de um naturista. A arquiteta Iara Stefen, que também mora no clube, nos levou até o quarto dela pra mostrar tudo ou quase tudo!
No armário bem enxuto, muitas cangas! Ela é usada pelos naturistas para sentar em cadeiras e proteger o corpo.
Seu Octávio Steffen usa canga só de vez em quando. Este home, que foi padre e durante 14 anos celebrou missas, deixou a igreja e casou com dona Zenir. Longe da batina há 30 anos, vive na Colina do Sol com toda a família: filho, nora, netos. “É bem diferente estar bem à vontade, como Adão e Eva, do que estar camuflado com roupas”.
fonte: site do programa Fantástico, da Rede Globo
Veja o vídeo da matéria aqui.
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005
Praias no Brasil onde o nu é tolerado
O país tem boas opções para quem não quer roupa alguma neste verão. Conheça as 11 melhores praias e escolha a sua!
Verão significa praia, sol, mar e pouca roupa. O Brasil tem tudo isso, mas de mulheres e homens que prefere mostrar os corpos sem peça alguma.
Para os amantes do naturalismo, o país tem praias. Seus adeptos propõem viver em harmonia com a natureza e o corpo. O respeito pelos outros, por eles mesmos e pelo ambiente é fundamental.
Nessas praias, apesar da exposição dos corpos, existe um código de ética. É proibido incomodar os freqüentadores com olhares curiosos e gestos obscenos. Além disso, sexo, máquinas fotográficas e filmadoras também são negados.
Antes, apresentamos as praias nas quais o nudismo não é obrigatório, mas o topless é liberado:
1. Praia Brava
Localizada na cidade paulista de Caraguatatuba, chega-se a ela via rodovia dos Tamoios (SP-99) ou por uma via paralela à margem esquerda do Rio Guaxinduva. A praia é rodeada de vegetação nativa, o mar é bravo, com ondas muito fortes, ideais para o surf. A areia é grossa e amarela.
2. Praia do Alto
Fica na cidade de Ubatuba, litoal de São Paulo. O acesso é pela BR-101 (Rio-Santos). Ao passar pela Praia Vermelha do Norte, basta continuar um pouco mais para chegar ao lugar.
3. Praia Brava
Localizada na cidade de São Sebastião (litoral de São Paulo), é acessada pela rodovia dos Tamoios (SP-99) ou pela BR-101 (Rio/Santos). Chegar na praia, tanto por terra como por mar, é difícil, especialmente nos dias chuvosos. O mar é furioso e os surfistas não faltam nunca.
4. Praia de Boiçucanga
Também fica em São Sebastião. Seu acesso pode ser pela Tamoios (SP-99) ou pela BR-101 (Rio/Santos). Em forma de ferradura, esta praia tem uma excelente infra-estrutura de serviços, com várias pousadas e restaurantes. Possui areia amarela e fininha.
Confira agora a lista das praias nudistas e sua localização:
5. Tambaba
Localizada a 48 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. É rodeada por chamativas formações chamadas "falésias" e por pedras. O mar é tranquilo e limpo, sem riscos para os banhistas. Os frequentadores se encarregam de fiscalizar o cumprimento do Código de Ética.
6. MassarandupióEsta praia fica na cidade de Entre Rios, a 93 quilômetros de Salvador (Bahia). É uma bonita praia reta, de areia fina e mar limpo. Uma duna de 1 km de largura a separa da praia.
É uma área de proteção ambiental, onde desovam tartarugas marinhas. Existem dois bares no lugar. Seu Código de Etica é fiscalizado pela Associação Baiana de Naturismo (ABANAT).
7. Barra Seca
Fica em Linhares, a 142 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo. A praia fica numa ilha, somente acessível por barco ou canoa e por pessoas credenciadas. O mar é embravecido e a areia grossa. Há duas pousadas do lugar, além de uma barraca mantida pela Prefeitura. Seu Código de Ética é fiscalizado pela Congregação Naturista do Estado do Espírito Santo.
8. Olho de Boi
Localizada em Búzios, no Rio de Janeiro. O acesso é feito a pé, através da Praia Brava, de Cabo Frio. Carece de qualquer infra-estrutura, sendo uma praia quase virgem. Apesar de ter muitas pedras no fundo, o mar é calmo. O Código de Etica é fiscalizado pelos próprios visitantes.
9. Praia do Pinho
Fica no Balneário de Camboriú, em Santa Catarina. Foi a primeira praia oficial naturista do Brasil e oferece piscinas naturais que se formam entre as pedras. O mar é limpo e é muito comum que se organizem passeios ecológicos no lugar.
Conta com bares, camping, pousada e área para estacionamento. O Código de Etica é fiscalizado pela Associação Amigos da praia do Pino (AAPP).
10. Galheta
Fica na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. É muito freqüentada por surfistas, pelo seu mar bravio. Mas suas águas cristalinas e piscinas naturais permitem que as pessoas se banhem com tranqüilidade.
Tem pouca infra-estrutura e o acesso é pela Ilha de Florianópolis, ao lado da Praia Mole. Seu Código de Ética é fiscalizado pela Associação Amigos da Galheta.
11. Pedras Altas
Localizada na cidade de Palhoça, perto da Ilha de Florianópolis. Tem mar calmo e poucas ondas, além de pousada, restaurante e camping no lugar. O Código de Ética é fiscalizado pelo Clube Naturista de Pedras Altas.
fonte: Portal Cidade Internet
Verão significa praia, sol, mar e pouca roupa. O Brasil tem tudo isso, mas de mulheres e homens que prefere mostrar os corpos sem peça alguma.
Para os amantes do naturalismo, o país tem praias. Seus adeptos propõem viver em harmonia com a natureza e o corpo. O respeito pelos outros, por eles mesmos e pelo ambiente é fundamental.
Nessas praias, apesar da exposição dos corpos, existe um código de ética. É proibido incomodar os freqüentadores com olhares curiosos e gestos obscenos. Além disso, sexo, máquinas fotográficas e filmadoras também são negados.
Antes, apresentamos as praias nas quais o nudismo não é obrigatório, mas o topless é liberado:
1. Praia Brava
Localizada na cidade paulista de Caraguatatuba, chega-se a ela via rodovia dos Tamoios (SP-99) ou por uma via paralela à margem esquerda do Rio Guaxinduva. A praia é rodeada de vegetação nativa, o mar é bravo, com ondas muito fortes, ideais para o surf. A areia é grossa e amarela.
2. Praia do Alto
Fica na cidade de Ubatuba, litoal de São Paulo. O acesso é pela BR-101 (Rio-Santos). Ao passar pela Praia Vermelha do Norte, basta continuar um pouco mais para chegar ao lugar.
3. Praia Brava
Localizada na cidade de São Sebastião (litoral de São Paulo), é acessada pela rodovia dos Tamoios (SP-99) ou pela BR-101 (Rio/Santos). Chegar na praia, tanto por terra como por mar, é difícil, especialmente nos dias chuvosos. O mar é furioso e os surfistas não faltam nunca.
4. Praia de Boiçucanga
Também fica em São Sebastião. Seu acesso pode ser pela Tamoios (SP-99) ou pela BR-101 (Rio/Santos). Em forma de ferradura, esta praia tem uma excelente infra-estrutura de serviços, com várias pousadas e restaurantes. Possui areia amarela e fininha.
Confira agora a lista das praias nudistas e sua localização:
5. Tambaba
Localizada a 48 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. É rodeada por chamativas formações chamadas "falésias" e por pedras. O mar é tranquilo e limpo, sem riscos para os banhistas. Os frequentadores se encarregam de fiscalizar o cumprimento do Código de Ética.
6. MassarandupióEsta praia fica na cidade de Entre Rios, a 93 quilômetros de Salvador (Bahia). É uma bonita praia reta, de areia fina e mar limpo. Uma duna de 1 km de largura a separa da praia.
É uma área de proteção ambiental, onde desovam tartarugas marinhas. Existem dois bares no lugar. Seu Código de Etica é fiscalizado pela Associação Baiana de Naturismo (ABANAT).
7. Barra Seca
Fica em Linhares, a 142 quilômetros de Vitória, capital do Espírito Santo. A praia fica numa ilha, somente acessível por barco ou canoa e por pessoas credenciadas. O mar é embravecido e a areia grossa. Há duas pousadas do lugar, além de uma barraca mantida pela Prefeitura. Seu Código de Ética é fiscalizado pela Congregação Naturista do Estado do Espírito Santo.
8. Olho de Boi
Localizada em Búzios, no Rio de Janeiro. O acesso é feito a pé, através da Praia Brava, de Cabo Frio. Carece de qualquer infra-estrutura, sendo uma praia quase virgem. Apesar de ter muitas pedras no fundo, o mar é calmo. O Código de Etica é fiscalizado pelos próprios visitantes.
9. Praia do Pinho
Fica no Balneário de Camboriú, em Santa Catarina. Foi a primeira praia oficial naturista do Brasil e oferece piscinas naturais que se formam entre as pedras. O mar é limpo e é muito comum que se organizem passeios ecológicos no lugar.
Conta com bares, camping, pousada e área para estacionamento. O Código de Etica é fiscalizado pela Associação Amigos da praia do Pino (AAPP).
10. Galheta
Fica na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. É muito freqüentada por surfistas, pelo seu mar bravio. Mas suas águas cristalinas e piscinas naturais permitem que as pessoas se banhem com tranqüilidade.
Tem pouca infra-estrutura e o acesso é pela Ilha de Florianópolis, ao lado da Praia Mole. Seu Código de Ética é fiscalizado pela Associação Amigos da Galheta.
11. Pedras Altas
Localizada na cidade de Palhoça, perto da Ilha de Florianópolis. Tem mar calmo e poucas ondas, além de pousada, restaurante e camping no lugar. O Código de Ética é fiscalizado pelo Clube Naturista de Pedras Altas.
fonte: Portal Cidade Internet
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005
Parte Final - Como um velho subúrbio americano
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Como um velho subúrbio americano
O empurrão para o crescimento é disparado em parte por Fritz Louderback e Barbara Anner, um casal de californianos que se mudou para a Colina em 1999. Na época, ambos se aproveitaram de mudanças nas regras, que permitiam a compra de mais de um lote para que as cabanas, embora seguindo o mesmo padrão, pudessem ultrapassar a cota de 100 metros quadrados, erguendo casarões confortáveis.
Foram dos primeiros a construir na segunda asa residencial, onde bichos de estimação são permitidos. "Americanos gostam de bichos, então é por isso que eles costumam vir para cá." Embora nem todos sejam estrangeiros ali, o canto ficou conhecido na comunidade como Vila dos Americanos e, com seus largos gramados interrompidos por casas espaçosas, bem lembra a organização de um típico subúrbio dos EUA dos anos 50.
Os pais de Fritz, que hoje tem 61 anos, eram naturistas, como são seus filhos e os de Barbara. Dedicou-se durante 24 anos como piloto de caça à Marinha norte-americana, trouxe do Vietnã uma medalha Purple Heart, concedida aos feridos em batalha, e, ao entrar na reserva no posto de comandante, comprou uma empresa de software que prestava serviços ao Pentágono. Depois de 15 anos, vendeu o negócio para a British Aerospace e aposentou-se com Barbara, então diretora da Associação Norte Americana de Naturistas. Ao requerer no Consulado de Palm Beach o visto de residente aposentado, decidiram alistar também o tio de Fritz, Barney, 89 anos, que, no último aniversário, largou enfim sua motocicleta. Comprou um buggy.
Na cabana do casal, funciona o Dois Amigos Bed and Breakfast, albergue que recebe um casal ou dois por vez, às vezes americanos que não falam português, outras tantas alemães, mas também escoceses, israelenses, franceses. Eles enviam DVDs sobre a Colina do Sol para todos os que procuram seu site, uns 40 ou 50 todo ano. Destes, pelo menos metade faz uma visita, dez entram de sócios para o clube e, todo ano, Fritz termina construindo duas casas para quem quer se aposentar ali. Com a escalada do custo de vida nos EUA e Europa e o achatamento das aposentadorias pagas pelos sistemas públicos de previdência, a moeda forte que vale pouco no exterior tem grande peso no Brasil e, principalmente, na Colina, onde as coisas são muito baratas. Por toda a parte há casas em construção.
O dinheiro arrecadado por Fritz e Barbara é reinvestido na Colina, na constante reforma da estrada de terra e no cuidado de crianças das redondezas com problemas físicos que requerem atenção nos EUA, concedida pela rede de hospitais maçônicos Shriners. Para uma menina que vive na Colina e não tem as mãos por conta de um problema de nascença, Fritz certa vez conseguiu carona num avião da Força Aérea norte-americana.
Outro destino do Fundo Dois Amigos, engordado por doações de entidades e indivíduos naturistas de toda parte, é o natal das crianças de Morro do Céu. Uma caravana puxada por Tuca do camping e Raul do mercado, no último dezembro, levou 2.000 brinquedos e um Papai Noel.
O pulo do gato para a sustentabilidade da Colina é reconhecer a vocação turística. Para isto, é preciso que o Hotel Ocara seja terminado – apenas uma ala, de trinta quartos, está pronta. Segundo o projeto, ele terá forma de U, ganhando um segundo braço de mesmo tamanho e, no miolo, funcionará uma área coberta para recreação de inverno, como piscina de vôlei aquático, um dos esportes favoritos entre naturistas no exterior. As obras, no entanto, estão empacadas por conta das dificuldades brasileiras de financiamento.
A Vila dos Americanos: cara de subúrbio dos EUA
Como um velho subúrbio americano
O empurrão para o crescimento é disparado em parte por Fritz Louderback e Barbara Anner, um casal de californianos que se mudou para a Colina em 1999. Na época, ambos se aproveitaram de mudanças nas regras, que permitiam a compra de mais de um lote para que as cabanas, embora seguindo o mesmo padrão, pudessem ultrapassar a cota de 100 metros quadrados, erguendo casarões confortáveis.
Foram dos primeiros a construir na segunda asa residencial, onde bichos de estimação são permitidos. "Americanos gostam de bichos, então é por isso que eles costumam vir para cá." Embora nem todos sejam estrangeiros ali, o canto ficou conhecido na comunidade como Vila dos Americanos e, com seus largos gramados interrompidos por casas espaçosas, bem lembra a organização de um típico subúrbio dos EUA dos anos 50.
Os pais de Fritz, que hoje tem 61 anos, eram naturistas, como são seus filhos e os de Barbara. Dedicou-se durante 24 anos como piloto de caça à Marinha norte-americana, trouxe do Vietnã uma medalha Purple Heart, concedida aos feridos em batalha, e, ao entrar na reserva no posto de comandante, comprou uma empresa de software que prestava serviços ao Pentágono. Depois de 15 anos, vendeu o negócio para a British Aerospace e aposentou-se com Barbara, então diretora da Associação Norte Americana de Naturistas. Ao requerer no Consulado de Palm Beach o visto de residente aposentado, decidiram alistar também o tio de Fritz, Barney, 89 anos, que, no último aniversário, largou enfim sua motocicleta. Comprou um buggy.
Na cabana do casal, funciona o Dois Amigos Bed and Breakfast, albergue que recebe um casal ou dois por vez, às vezes americanos que não falam português, outras tantas alemães, mas também escoceses, israelenses, franceses. Eles enviam DVDs sobre a Colina do Sol para todos os que procuram seu site, uns 40 ou 50 todo ano. Destes, pelo menos metade faz uma visita, dez entram de sócios para o clube e, todo ano, Fritz termina construindo duas casas para quem quer se aposentar ali. Com a escalada do custo de vida nos EUA e Europa e o achatamento das aposentadorias pagas pelos sistemas públicos de previdência, a moeda forte que vale pouco no exterior tem grande peso no Brasil e, principalmente, na Colina, onde as coisas são muito baratas. Por toda a parte há casas em construção.
O dinheiro arrecadado por Fritz e Barbara é reinvestido na Colina, na constante reforma da estrada de terra e no cuidado de crianças das redondezas com problemas físicos que requerem atenção nos EUA, concedida pela rede de hospitais maçônicos Shriners. Para uma menina que vive na Colina e não tem as mãos por conta de um problema de nascença, Fritz certa vez conseguiu carona num avião da Força Aérea norte-americana.
Outro destino do Fundo Dois Amigos, engordado por doações de entidades e indivíduos naturistas de toda parte, é o natal das crianças de Morro do Céu. Uma caravana puxada por Tuca do camping e Raul do mercado, no último dezembro, levou 2.000 brinquedos e um Papai Noel.
O pulo do gato para a sustentabilidade da Colina é reconhecer a vocação turística. Para isto, é preciso que o Hotel Ocara seja terminado – apenas uma ala, de trinta quartos, está pronta. Segundo o projeto, ele terá forma de U, ganhando um segundo braço de mesmo tamanho e, no miolo, funcionará uma área coberta para recreação de inverno, como piscina de vôlei aquático, um dos esportes favoritos entre naturistas no exterior. As obras, no entanto, estão empacadas por conta das dificuldades brasileiras de financiamento.
A Vila dos Americanos: cara de subúrbio dos EUA
Parte VII - Prefeito inglês
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Prefeito inglês
Ao longo do tempo, mudanças estruturais foram ocorrendo na gerência da Colina do Sol. Foi a mudança do Código Civil, no entanto, que finalmente forçou uma mudança nos estatutos, abrindo para cada residente ou sócio um voto e não mais que isso. Antes, no entanto, ao longo de 2004, um brasileiro residente nos EUA comprou um bom naco da parte de Celso e Paula, para distribuir os poderes e fazer com que mais dinheiro viesse para a administração. Quando o investimento do casal foi reposto, eles decidiram deixar a comunidade, em abril do ano passado.
Era um rompimento traumático, mas a presença dos fundadores continua em todas as conversas e talvez nunca deixe de estar. Depois de tanto tempo, são lembrados mais com admiração do que rancor. Foi com sua saída que o Conselho Deliberativo, formado por eleição com sete titulares e dois suplentes, ganhou mais poderes. O mais votado, Colin Peter Collins, foi escolhido para coordenador, o que equivale mais ou menos ao cargo de prefeito.
Collins tem 61 anos, é um inglês alto e magro que, mesmo há quatro décadas no Brasil, casado com a cearense Marlene há 18 anos, ainda mantém um porte aristocrático de todo britânico, sua fala pausada – pensa antes de encaixar cada palavra numa frase e não se priva de reformular um argumento em prol da clareza. Quando criança na Inglaterra do pós-guerra, não sabia que havia algo como naturismo mas, se tinha a oportunidade de deixar as paredes do colégio interno, caminhava na floresta até algum canto remoto onde se despia. "Era algo totalmente espontâneo que eu não ousava contar nem para minha mãe, mas assim me sentia bem." É obsessivo com regras de conduta.
"Você veja, parece que o clube tem muita norma, mas as normas daqui são as mesmas normas que existem lá fora, embora nem sempre sejam seguidas. Na colina, tomamos muito cuidado com nossos vizinhos, precisamos nos respeitar até por estarmos mais expostos. Se há uma criança na rua, sempre alguém está observando para que não se machuque. À noite, não ouvimos barulho de uma cabana vizinha. No fundo, a roupa serve para camuflar a pessoa que temos dentro e, após certo tempo, você não vê mais a pessoa nua. É igual militar, sempre com a mesma roupa. Se tomamos cuidado com qualquer conotação sexual, não pode dançar junto a não ser vestido, não pode trocar carícias, é porque, principalmente, não pode haver qualquer mal-entendido. Conservadores. Esta é a palavra adequada, devemos ser conservadores."
Collins lidera cautelosamente a Colina por um período de transição, quando nos próximos meses o novo estatuto, que elevará para nove o número de conselheiros, será aprovado. É um momento crítico para que salte finalmente de clube para cidadezinha auto-sustentável. A área toda já é coberta por acesso à Internet com banda larga sem fio, wi-fi, um sistema organizado pelo gaúcho Sergio Quednau, 40 anos, que revende licenças de uso por 99,99 reais ao mês. Agora, planeja oferecer também um sistema de voz sobre IP, com interface no computador, mas também, para quem quiser, pelo telefone, o pesadelo de toda companhia de telecomunicações. "Mas não basta esta conexão virtual", ele explica, "precisamos também de transporte, como já houve, entre a Colina e Porto Alegre, para que as pessoas possam trabalhar e voltar à noite." Vários trabalham na capital e usam suas cabanas na Colina como casa de fim de semana, mas, aumentada a infra-estrutura, cogitariam mudar-se de vez.
Colin Peter Collins, o "prefeito" britânico
Próxima parte - Como um velho subúrbio americano
Prefeito inglês
Ao longo do tempo, mudanças estruturais foram ocorrendo na gerência da Colina do Sol. Foi a mudança do Código Civil, no entanto, que finalmente forçou uma mudança nos estatutos, abrindo para cada residente ou sócio um voto e não mais que isso. Antes, no entanto, ao longo de 2004, um brasileiro residente nos EUA comprou um bom naco da parte de Celso e Paula, para distribuir os poderes e fazer com que mais dinheiro viesse para a administração. Quando o investimento do casal foi reposto, eles decidiram deixar a comunidade, em abril do ano passado.
Era um rompimento traumático, mas a presença dos fundadores continua em todas as conversas e talvez nunca deixe de estar. Depois de tanto tempo, são lembrados mais com admiração do que rancor. Foi com sua saída que o Conselho Deliberativo, formado por eleição com sete titulares e dois suplentes, ganhou mais poderes. O mais votado, Colin Peter Collins, foi escolhido para coordenador, o que equivale mais ou menos ao cargo de prefeito.
Collins tem 61 anos, é um inglês alto e magro que, mesmo há quatro décadas no Brasil, casado com a cearense Marlene há 18 anos, ainda mantém um porte aristocrático de todo britânico, sua fala pausada – pensa antes de encaixar cada palavra numa frase e não se priva de reformular um argumento em prol da clareza. Quando criança na Inglaterra do pós-guerra, não sabia que havia algo como naturismo mas, se tinha a oportunidade de deixar as paredes do colégio interno, caminhava na floresta até algum canto remoto onde se despia. "Era algo totalmente espontâneo que eu não ousava contar nem para minha mãe, mas assim me sentia bem." É obsessivo com regras de conduta.
"Você veja, parece que o clube tem muita norma, mas as normas daqui são as mesmas normas que existem lá fora, embora nem sempre sejam seguidas. Na colina, tomamos muito cuidado com nossos vizinhos, precisamos nos respeitar até por estarmos mais expostos. Se há uma criança na rua, sempre alguém está observando para que não se machuque. À noite, não ouvimos barulho de uma cabana vizinha. No fundo, a roupa serve para camuflar a pessoa que temos dentro e, após certo tempo, você não vê mais a pessoa nua. É igual militar, sempre com a mesma roupa. Se tomamos cuidado com qualquer conotação sexual, não pode dançar junto a não ser vestido, não pode trocar carícias, é porque, principalmente, não pode haver qualquer mal-entendido. Conservadores. Esta é a palavra adequada, devemos ser conservadores."
Collins lidera cautelosamente a Colina por um período de transição, quando nos próximos meses o novo estatuto, que elevará para nove o número de conselheiros, será aprovado. É um momento crítico para que salte finalmente de clube para cidadezinha auto-sustentável. A área toda já é coberta por acesso à Internet com banda larga sem fio, wi-fi, um sistema organizado pelo gaúcho Sergio Quednau, 40 anos, que revende licenças de uso por 99,99 reais ao mês. Agora, planeja oferecer também um sistema de voz sobre IP, com interface no computador, mas também, para quem quiser, pelo telefone, o pesadelo de toda companhia de telecomunicações. "Mas não basta esta conexão virtual", ele explica, "precisamos também de transporte, como já houve, entre a Colina e Porto Alegre, para que as pessoas possam trabalhar e voltar à noite." Vários trabalham na capital e usam suas cabanas na Colina como casa de fim de semana, mas, aumentada a infra-estrutura, cogitariam mudar-se de vez.
Colin Peter Collins, o "prefeito" britânico
Próxima parte - Como um velho subúrbio americano
Parte VI - A canga é uma questão de higiene
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
A canga é uma questão de higiene
Não foi apenas a televisão portuguesa que exibiu a Colina. Há pouco mais de cinco anos, o “SBT Repórter” fez um especial sobre a colônia e suas imagens, no dia seguinte, foram aproveitadas no “Programa do Ratinho”, que se largou a ridicularizar as pessoas. Rendeu processo, havia uma permissão de uso de imagem específica para o programa de reportagens, e também uma grande desconfiança por parte dos moradores com jornalistas.
Uma das pessoas que assistiram ao programa era Raul de Oliveira, na época dono de uma padaria em Igrejinha, uns 30 quilômetros longe, no caminho para Gramado. Raul é o gaúcho arquetípico, com bigode espesso e cuia de chimarrão sempre próxima. Em 1999, vivia tenso, com revólver na cintura, dado o número de assaltos ao comércio local – jamais precisou da arma, mas o estresse era suficiente para que perdesse o sono, tentando captar qualquer ruído estranho no lado de fora. Beth, sua mulher, tinha se aposentado como professora do estado fazia pouco tempo.
A idéia de visitar a Colina foi dela. Um dia, vieram, entraram, nunca mais saíram. Ele vendeu a padaria em Igrejinha, comprou de Marcelito a concessão do mercado, ampliou o espaço, variou a quantidade de produtos. Os primeiros dois anos foram difíceis até conquistar freguesia e convencer os moradores de que não era preciso descer a Taquara para comprar o que precisavam. Hoje, quando sai às compras, liga para cada cabana e pergunta se querem algo de especial. Suas duas filhas adultas moram nas redondezas e até se despem quando visitam, mas tocam suas vidas à distância.
Outra que assistiu ao programa, também nas proximidades, era Verônica Domingos, então com 20 anos, operária da indústria de calçados, casada. Seu pai morava em Morro do Céu, o que lhe chamou a atenção para a história. Ao ver Etacir na tevê, com cabelos compridos, atiçou o marido: "Ainda vou conhecer este cabeludo." Ele retrucou: "Então vai." Mas ela não foi. Com o passar do tempo, separaram-se, Verônica pediu acolhida ao pai e soube que havia um time de futebol feminino por ali. Conheceu Eta como técnico e, quando ele a convidou depois de um tempo para conhecer a Colina, ela respondeu: "Achei que nunca ia convidar." Em janeiro de 2003, juntaram-se e ela foi morar na comunidade. A essas alturas, Eta era veterano de 8 anos na Colina. Juntos, os dois tocam a lojinha de souvenirs e exploram a logomarca do lugar, vendendo camisetas, chaveiros, o que for. E muitas cangas – todos andam com canga pendurada no pescoço, homens e mulheres, por uma questão de higiene, para proteger na hora de sentar.
Próxima parte - Prefeito inglês
A canga é uma questão de higiene
Não foi apenas a televisão portuguesa que exibiu a Colina. Há pouco mais de cinco anos, o “SBT Repórter” fez um especial sobre a colônia e suas imagens, no dia seguinte, foram aproveitadas no “Programa do Ratinho”, que se largou a ridicularizar as pessoas. Rendeu processo, havia uma permissão de uso de imagem específica para o programa de reportagens, e também uma grande desconfiança por parte dos moradores com jornalistas.
Uma das pessoas que assistiram ao programa era Raul de Oliveira, na época dono de uma padaria em Igrejinha, uns 30 quilômetros longe, no caminho para Gramado. Raul é o gaúcho arquetípico, com bigode espesso e cuia de chimarrão sempre próxima. Em 1999, vivia tenso, com revólver na cintura, dado o número de assaltos ao comércio local – jamais precisou da arma, mas o estresse era suficiente para que perdesse o sono, tentando captar qualquer ruído estranho no lado de fora. Beth, sua mulher, tinha se aposentado como professora do estado fazia pouco tempo.
A idéia de visitar a Colina foi dela. Um dia, vieram, entraram, nunca mais saíram. Ele vendeu a padaria em Igrejinha, comprou de Marcelito a concessão do mercado, ampliou o espaço, variou a quantidade de produtos. Os primeiros dois anos foram difíceis até conquistar freguesia e convencer os moradores de que não era preciso descer a Taquara para comprar o que precisavam. Hoje, quando sai às compras, liga para cada cabana e pergunta se querem algo de especial. Suas duas filhas adultas moram nas redondezas e até se despem quando visitam, mas tocam suas vidas à distância.
Outra que assistiu ao programa, também nas proximidades, era Verônica Domingos, então com 20 anos, operária da indústria de calçados, casada. Seu pai morava em Morro do Céu, o que lhe chamou a atenção para a história. Ao ver Etacir na tevê, com cabelos compridos, atiçou o marido: "Ainda vou conhecer este cabeludo." Ele retrucou: "Então vai." Mas ela não foi. Com o passar do tempo, separaram-se, Verônica pediu acolhida ao pai e soube que havia um time de futebol feminino por ali. Conheceu Eta como técnico e, quando ele a convidou depois de um tempo para conhecer a Colina, ela respondeu: "Achei que nunca ia convidar." Em janeiro de 2003, juntaram-se e ela foi morar na comunidade. A essas alturas, Eta era veterano de 8 anos na Colina. Juntos, os dois tocam a lojinha de souvenirs e exploram a logomarca do lugar, vendendo camisetas, chaveiros, o que for. E muitas cangas – todos andam com canga pendurada no pescoço, homens e mulheres, por uma questão de higiene, para proteger na hora de sentar.
Próxima parte - Prefeito inglês
Parte V - O contato físico é proibido
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
O contato físico é proibido
Organizada de forma que lembra Brasília, a Colina divide-se em setor comercial, duas asas residenciais, e um grande núcleo de lazer onde há um lago artificial com praia de areia e uma piscina feita em pedra, o restaurante, o hotel e um prédio com a central de Internet, a academia, sauna e alguns quartos baratos para alberguistas. Como opção intermediária, há também o camping de Tuca.
Há alguns anos, quando a tevê portuguesa esteve lá, Marcelito e Iara ganharam popularidade internacional. O documentário, que os apresentou como Adão e Eva da Colina, estourou a audiência e atiçou polêmica por semanas pelo fato de o repórter ter-se despido, vindo a ser obrigado a enfrentar a ira conservadora em programas de auditório. Seu patrão gostou tanto que o promoveu.
Hoje aos 30 anos, Marcelito é o conselheiro de ética da vila. Às vezes, precisa resolver o tipo de problema que naturistas consideram gravíssimos. Não faz nem uma semana, ele flagrou um rapaz e sua namorada enlaçados aos beijos, ele ereto, camisinha ao lado, próximos à piscina. Foram expulsos, seus nomes caíram numa lista negra, banidos de todos os recantos naturistas do Brasil. Casais naturistas não se beijam e não se abraçam a não ser dentro de casa, o contato físico mais próximo simplesmente não é possível. E há crianças circulando. Esse tipo de situação é rara, na maioria das vezes as disputas são entre vizinhos que, para evitar o bate-boca, dirigem-se a Marcelito para a intermediação.
E discussão, na Colina do Sol, como na aldeia de Astérix, não tem nada de raro. Junte-se dois gaúchos e, como na piada dos dois judeus, surgem três opiniões. Todo gaúcho é do time vermelho ou do branco, queira isto dizer maragato ou pica-pau, colorado ou gremista, petista ou anti-petista – e defende com verve suas opiniões.
Mas a maior verve não é de nenhum gaúcho, é a de Jürgen Wendscheck, que todos conhecem por Jorge, um alemão de 63 anos, radicado há décadas no Brasil e que bem preferia viver no sol nordestino, mas não há lugar como aquele no litoral norte. Tem fama de quem não pára de reclamar. Careca, olhos puxados, invariavelmente acompanhado da bela Solange, 23 anos, uma negra retinta que é a segunda baiana com quem casou – "não gosto de brasileiras, gosto de baianas" – é dos que como Eta e Tuca andam sempre nus. No caso dele, em quem casca alemã substitui a pele, isso vale mesmo para quando a temperatura cai. Não suporta inverno. Passa o verão na Colina e o inverno num resort naturista de seu país, onde é verão. E vocifera, ergue-se, faz discurso na roda de cerveja e cachaça do mercadinho.
"Naturismo não é natural. Todo nudista tem que ser masoquista, você tem que ficar se reprimindo sexualmente o tempo todo, porque não dá para ser diferente. Só uma minoria é nudista e a minoria sabe que há algo de errado com isso, fica insegura. Eu não tiro a roupa só por tirar, isso de vestir-se, mesmo que pouco, é uma tendência muito chata no mundo todo. Os outros estão vendo? Não tiram o olho? Ver não tira pedaço, que vejam. Hoje, tem praia nudista na França a que alemão não vai mais, porque as pessoas estão com camisa, querem mostrar o Lacoste no peito. Quando você está nu, é só você, ninguém sabe se tem dinheiro ou se não tem, mas, quando bota a roupa nos campos naturistas, está cedendo à cultura têxtil e ao status e à moda que vêm junto."
Solange e Jorge: vida entre a Colina e a Alemanha
Próxima parte - A canga é uma questão de higiene
O contato físico é proibido
Organizada de forma que lembra Brasília, a Colina divide-se em setor comercial, duas asas residenciais, e um grande núcleo de lazer onde há um lago artificial com praia de areia e uma piscina feita em pedra, o restaurante, o hotel e um prédio com a central de Internet, a academia, sauna e alguns quartos baratos para alberguistas. Como opção intermediária, há também o camping de Tuca.
Há alguns anos, quando a tevê portuguesa esteve lá, Marcelito e Iara ganharam popularidade internacional. O documentário, que os apresentou como Adão e Eva da Colina, estourou a audiência e atiçou polêmica por semanas pelo fato de o repórter ter-se despido, vindo a ser obrigado a enfrentar a ira conservadora em programas de auditório. Seu patrão gostou tanto que o promoveu.
Hoje aos 30 anos, Marcelito é o conselheiro de ética da vila. Às vezes, precisa resolver o tipo de problema que naturistas consideram gravíssimos. Não faz nem uma semana, ele flagrou um rapaz e sua namorada enlaçados aos beijos, ele ereto, camisinha ao lado, próximos à piscina. Foram expulsos, seus nomes caíram numa lista negra, banidos de todos os recantos naturistas do Brasil. Casais naturistas não se beijam e não se abraçam a não ser dentro de casa, o contato físico mais próximo simplesmente não é possível. E há crianças circulando. Esse tipo de situação é rara, na maioria das vezes as disputas são entre vizinhos que, para evitar o bate-boca, dirigem-se a Marcelito para a intermediação.
E discussão, na Colina do Sol, como na aldeia de Astérix, não tem nada de raro. Junte-se dois gaúchos e, como na piada dos dois judeus, surgem três opiniões. Todo gaúcho é do time vermelho ou do branco, queira isto dizer maragato ou pica-pau, colorado ou gremista, petista ou anti-petista – e defende com verve suas opiniões.
Mas a maior verve não é de nenhum gaúcho, é a de Jürgen Wendscheck, que todos conhecem por Jorge, um alemão de 63 anos, radicado há décadas no Brasil e que bem preferia viver no sol nordestino, mas não há lugar como aquele no litoral norte. Tem fama de quem não pára de reclamar. Careca, olhos puxados, invariavelmente acompanhado da bela Solange, 23 anos, uma negra retinta que é a segunda baiana com quem casou – "não gosto de brasileiras, gosto de baianas" – é dos que como Eta e Tuca andam sempre nus. No caso dele, em quem casca alemã substitui a pele, isso vale mesmo para quando a temperatura cai. Não suporta inverno. Passa o verão na Colina e o inverno num resort naturista de seu país, onde é verão. E vocifera, ergue-se, faz discurso na roda de cerveja e cachaça do mercadinho.
"Naturismo não é natural. Todo nudista tem que ser masoquista, você tem que ficar se reprimindo sexualmente o tempo todo, porque não dá para ser diferente. Só uma minoria é nudista e a minoria sabe que há algo de errado com isso, fica insegura. Eu não tiro a roupa só por tirar, isso de vestir-se, mesmo que pouco, é uma tendência muito chata no mundo todo. Os outros estão vendo? Não tiram o olho? Ver não tira pedaço, que vejam. Hoje, tem praia nudista na França a que alemão não vai mais, porque as pessoas estão com camisa, querem mostrar o Lacoste no peito. Quando você está nu, é só você, ninguém sabe se tem dinheiro ou se não tem, mas, quando bota a roupa nos campos naturistas, está cedendo à cultura têxtil e ao status e à moda que vêm junto."
Solange e Jorge: vida entre a Colina e a Alemanha
Próxima parte - A canga é uma questão de higiene
Parte IV - Todos pelados na casa do sogro
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Todos pelados na casa do sogro
Aos 17 anos, Marcelito Lima era insaciável. Já vivia sozinho, tinha transado aos 14 e seguia o exemplo dos quatro irmãos mais velhos: não podia passar menina que fosse ali por Pelotas. Forte, lutava caratê, com o vago sonho nunca realizado de estudar medicina. De todo indisciplinado. Então, conheceu Iara. Ela tinha 14 anos, uma guria linda, loura, carregava a faixa de "Garota Pelotense" e era presença constante nos clipes da tevê regional. Ele não teve dúvidas, chegou perto – mas ela era filha da dona Zenir, professora do Sílvia Mello, justamente seu colégio. Dona Zenir era do pior tipo de professora, austera; e ele, naturalmente, era do pior tipo de aluno.
Mas em algo encantou a menina Iara, apesar da mancada inicial: achou que seu pai era avô, dada a idade. Apresentou sua mãe aos pais da moça, tudo como cabe num namoro direito da tradicional família. E as coisas já iam mais ou menos bem fazia um mês quando bateu à porta da menina. O senhor ex-padre da Teologia da Libertação, perseguido pela ditadura, professor de teologia que Marcelito um dia achou com cara de avô da namorada o recebeu nu. "Achei que era gay, né?" Mas, quando entrou, dona Zenir também estava nua. Como Zumbi, o filho caçula. E Iara.
Ela interrompe sua história, rindo, "Imagina você, chega na casa da sua namorada, e ela pelada?" Marcelito tira a roupa, fica de cuecas; "não, é tudo", diz o sogro. "Isso era uma idéia do meu pai, mesmo. Desde pequenos, mais de metade das minhas fotos de infância a gente está sem roupa. Íamos à praia do Cassino, regiões desertas. Só que não dava para ficar falando no colégio. Quando estava ficando mais adolescente e as minhas amigas iam lá, eu falava para botar roupa. O pai e a mãe sempre falaram muito conosco, até sobre isso de começarmos a namorar muito cedo, ele sempre dizia 'ó, vocês não se prendam', porque ele foi padre até os 50, ele mesmo começou a vida sexual dele tarde, aí ele viu, a gente, que era novo, e achava que tinha que aproveitar porque, e depois, se passa a adolescência e descobrimos que não ia dar certo?"
Mas deu certo. Em 1998, Marcelito e Iara, como também Zumbi, seu irmão, mudaram-se para a Colina. A mãe de Marcelito já o visitou, como um de seus irmãos – "mas eles nunca se pelaram". Os dois riem quando ela conta: "O irmão dele me vê pelada e pensa bá, que cara trouxa." Como muitas das meninas, durante a semana Iara não anda pelo espaço de todo nua – a canga, ela a amarra na cintura ligeira qual mini-saia, que um vento leve ou um cruzar de pernas expõe. É por conta dos funcionários vestidos. Eles já não olham mais, estão acostumados. "Mas o cara vestido põe um pudor, não tem jeito."
Dia de entregas no restaurante
Próxima parte - O contato físico é proibido
Todos pelados na casa do sogro
Aos 17 anos, Marcelito Lima era insaciável. Já vivia sozinho, tinha transado aos 14 e seguia o exemplo dos quatro irmãos mais velhos: não podia passar menina que fosse ali por Pelotas. Forte, lutava caratê, com o vago sonho nunca realizado de estudar medicina. De todo indisciplinado. Então, conheceu Iara. Ela tinha 14 anos, uma guria linda, loura, carregava a faixa de "Garota Pelotense" e era presença constante nos clipes da tevê regional. Ele não teve dúvidas, chegou perto – mas ela era filha da dona Zenir, professora do Sílvia Mello, justamente seu colégio. Dona Zenir era do pior tipo de professora, austera; e ele, naturalmente, era do pior tipo de aluno.
Mas em algo encantou a menina Iara, apesar da mancada inicial: achou que seu pai era avô, dada a idade. Apresentou sua mãe aos pais da moça, tudo como cabe num namoro direito da tradicional família. E as coisas já iam mais ou menos bem fazia um mês quando bateu à porta da menina. O senhor ex-padre da Teologia da Libertação, perseguido pela ditadura, professor de teologia que Marcelito um dia achou com cara de avô da namorada o recebeu nu. "Achei que era gay, né?" Mas, quando entrou, dona Zenir também estava nua. Como Zumbi, o filho caçula. E Iara.
Ela interrompe sua história, rindo, "Imagina você, chega na casa da sua namorada, e ela pelada?" Marcelito tira a roupa, fica de cuecas; "não, é tudo", diz o sogro. "Isso era uma idéia do meu pai, mesmo. Desde pequenos, mais de metade das minhas fotos de infância a gente está sem roupa. Íamos à praia do Cassino, regiões desertas. Só que não dava para ficar falando no colégio. Quando estava ficando mais adolescente e as minhas amigas iam lá, eu falava para botar roupa. O pai e a mãe sempre falaram muito conosco, até sobre isso de começarmos a namorar muito cedo, ele sempre dizia 'ó, vocês não se prendam', porque ele foi padre até os 50, ele mesmo começou a vida sexual dele tarde, aí ele viu, a gente, que era novo, e achava que tinha que aproveitar porque, e depois, se passa a adolescência e descobrimos que não ia dar certo?"
Mas deu certo. Em 1998, Marcelito e Iara, como também Zumbi, seu irmão, mudaram-se para a Colina. A mãe de Marcelito já o visitou, como um de seus irmãos – "mas eles nunca se pelaram". Os dois riem quando ela conta: "O irmão dele me vê pelada e pensa bá, que cara trouxa." Como muitas das meninas, durante a semana Iara não anda pelo espaço de todo nua – a canga, ela a amarra na cintura ligeira qual mini-saia, que um vento leve ou um cruzar de pernas expõe. É por conta dos funcionários vestidos. Eles já não olham mais, estão acostumados. "Mas o cara vestido põe um pudor, não tem jeito."
Dia de entregas no restaurante
Próxima parte - O contato físico é proibido
Parte III - Da utopia à realidade
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Da utopia à realidade
"Cara", diz Tuca, "eu vim morar aqui com 70 anos de idade e hoje tenho 56." No peito, desenha-se uma tatuagem talvez de águia, difícil de reconhecer, esverdeada, esmaecida pelo tempo. O cavanhaque é um filete sem bigode, careca com um longo tufo de cabelo que nasce da nuca e desce até os ombros, ele gesticula de sua rede no camping. "Isso aqui é minha regeneração. E cuido mesmo, tem gente que joga ponta de cigarro no chão, eu grito. Isso aqui é minha casa, tem cara de lixeira?"
Não há lixo no chão da Colina. As raras pontas de cigarro, os moradores recolhem-nas mal-humorados e tascam numa das manilhas largas que de tantos em tantos metros servem de latas de lixo. Lá, no vídeo que os visitantes assistem com introdução às regras, alertam para quem "ainda fuma". Vários dos moradores ainda fumam. O lugar é arborizado, no mato ouve-se barulho de bicho a toda hora, preás atravessam as ruas, gaviões ganem de árvore em árvore e, quando o céu está limpo, dá para ver cada estrela que a luz noturna da cidade esconde.
A primeira utopia a ruir foi a dos empregados. A Colina não pôde se desligar da comunidade carente próxima, e nem todos de Morro do Céu mostraram-se dispostos à nudez. O clube empregou, mas teve de habituar-se, durante as semanas, à companhia de gente vestida. A segunda utopia a cair foi a das construções biodegradáveis. Com o passar dos anos, as casas, sem cimento nas fundações, começaram a afundar. Os telhados, de madeira sem tratamento, apodreceram. Marcio viu-se obrigado a desenvolver uma técnica, erguendo as cabanas com macacos hidráulicos, injetando pilares de concreto, para pousá-las depois, niveladas. Subsidiado pelo clube e cortando a margem de lucro, faz o serviço por uns 600 reais. Ainda assim, alguns dos moradores gastaram em reformas mais do que tinha lhes custado a casa. Entre finais de 98 e 2000, a Colina aterrissou no mundo do possível.
Foi também quando a insatisfação começou a aparecer ligeiramente, sussurrada ao pé do ouvido entre vizinhos. Quanto mais gente vinha morar na Colina, mais o fato de ser propriedade de Celso e Paula incomodava. Afinal, o dinheiro das concessões ia para ele, que repassava para o lugar, mas controlava tudo. E como cada título rendia um voto e ele tinha bem mais que qualquer um, sempre monopolizou as decisões. "O Celso", Marcio lembra, "tratou a colina como a um filho que só podia fazer o que o pai deixava." Ele tinha uma rapidez de raciocínio, um carisma, capaz de convencer a todos. Certa vez, para a tevê portuguesa, deixou o repórter atônito ao dizer "aqui no Brasil, sempre andamos todos nus, foram vocês que nos vestiram."
Verônica e Eta, em frente a sua loja
Próxima parte - Todos pelados na casa do sogro
Da utopia à realidade
"Cara", diz Tuca, "eu vim morar aqui com 70 anos de idade e hoje tenho 56." No peito, desenha-se uma tatuagem talvez de águia, difícil de reconhecer, esverdeada, esmaecida pelo tempo. O cavanhaque é um filete sem bigode, careca com um longo tufo de cabelo que nasce da nuca e desce até os ombros, ele gesticula de sua rede no camping. "Isso aqui é minha regeneração. E cuido mesmo, tem gente que joga ponta de cigarro no chão, eu grito. Isso aqui é minha casa, tem cara de lixeira?"
Não há lixo no chão da Colina. As raras pontas de cigarro, os moradores recolhem-nas mal-humorados e tascam numa das manilhas largas que de tantos em tantos metros servem de latas de lixo. Lá, no vídeo que os visitantes assistem com introdução às regras, alertam para quem "ainda fuma". Vários dos moradores ainda fumam. O lugar é arborizado, no mato ouve-se barulho de bicho a toda hora, preás atravessam as ruas, gaviões ganem de árvore em árvore e, quando o céu está limpo, dá para ver cada estrela que a luz noturna da cidade esconde.
A primeira utopia a ruir foi a dos empregados. A Colina não pôde se desligar da comunidade carente próxima, e nem todos de Morro do Céu mostraram-se dispostos à nudez. O clube empregou, mas teve de habituar-se, durante as semanas, à companhia de gente vestida. A segunda utopia a cair foi a das construções biodegradáveis. Com o passar dos anos, as casas, sem cimento nas fundações, começaram a afundar. Os telhados, de madeira sem tratamento, apodreceram. Marcio viu-se obrigado a desenvolver uma técnica, erguendo as cabanas com macacos hidráulicos, injetando pilares de concreto, para pousá-las depois, niveladas. Subsidiado pelo clube e cortando a margem de lucro, faz o serviço por uns 600 reais. Ainda assim, alguns dos moradores gastaram em reformas mais do que tinha lhes custado a casa. Entre finais de 98 e 2000, a Colina aterrissou no mundo do possível.
Foi também quando a insatisfação começou a aparecer ligeiramente, sussurrada ao pé do ouvido entre vizinhos. Quanto mais gente vinha morar na Colina, mais o fato de ser propriedade de Celso e Paula incomodava. Afinal, o dinheiro das concessões ia para ele, que repassava para o lugar, mas controlava tudo. E como cada título rendia um voto e ele tinha bem mais que qualquer um, sempre monopolizou as decisões. "O Celso", Marcio lembra, "tratou a colina como a um filho que só podia fazer o que o pai deixava." Ele tinha uma rapidez de raciocínio, um carisma, capaz de convencer a todos. Certa vez, para a tevê portuguesa, deixou o repórter atônito ao dizer "aqui no Brasil, sempre andamos todos nus, foram vocês que nos vestiram."
Verônica e Eta, em frente a sua loja
Próxima parte - Todos pelados na casa do sogro
Parte II - Um ano para tirar a roupa
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Um ano para tirar a roupa
Tuca chegou da Espanha em meados de 1995. Tinha 46 anos, estava cansado de tudo. Mal falava com a filha, já com mais de 20, cria de um namoro que desandou – na verdade, pai ausente, jamais a conheceu direito e, quando finalmente a procurou, ela não queria muita conversa. "Até hoje, parece que há uma barreira entre nós." Seu casamento também descarrilava, a mulher tinha planos, queria ser juíza. E Tuca era um porra-louca sem rumo.
Na pilha de cartas que encontrou à porta de seu apartamento, em Porto Alegre, sacou a do amigo Celso. "Comprei uma área na Taquara para um clube", ele dizia, "vem conhecer, vem trabalhar comigo". Encontrou um nada: 600 mil metros quadrados a 50 quilômetros da capital gaúcha, 200 metros acima do mar, arames farpados, plantação de cebolas e gado magro. Fincou sua barraca de camping, voltou na semana seguinte para nunca mais sair.
Celso Pinto e João Ubiratan dos Santos, o Tuca, já tinham história. Dez anos antes, em 85, fizeram da Praia do Pinho, em Santa Catarina, o primeiro reduto naturista do Brasil. Era ilegal, na época. Mas quando os comboios policiais apareciam lá longe, rapidamente vestiam roupas para impedir a prisão. Tanto insistiram que o Pinho foi liberado. "Quando o Celso me escreveu", ele lembra, "eu tinha que apostar, você não o conheceu, mas ele era esse tipo de pessoa. Este era o empreendimento dele, o olhar dele. Joguei todas minhas economias aqui."
A Colina do Sol abriu para sócios em agosto de 95. A idéia é que fosse um clube para naturistas passarem o verão, os fins de semana, um lugar onde pudessem ter uma casinha de campo, não mais que 100 metros quadrados, de todo ecologicamente correta. No início, usavam madeira de reflorestamento crua, o que jogava para baixo o preço de construção. Os empregados do clube deveriam ser também naturistas. Tinha de ser um lugar fechado, protegido.
Aos 34 anos, nunca passara pela cabeça de Etacir Manske tirar a roupa em público. Criou-se em Águas de Chapecó, interior de Santa Catarina, de onde saiu aos 21 anos para Mato Grosso, de lá pegou o caminho de Rondônia, conseguiu emprego público, casou, teve uma sorveteria na Bahia, descasou, foi parar no Rio Grande do Sul vendendo equipamento fotográfico. Uma namorada naturista deu para freqüentar a Colina, ele achava estranho. Então, ela teve um sonho – "te vi lá", disse, ao que ele respondeu: "trabalhar pelado? Tá louca?"
No 10 de abril, em 96, Eta chegou, caía um temporal desgraçado. Trabalhou com Tuca um bom tempo, na implantação da área de camping da Colina – e viveu em barraca um bocado. Só dois anos depois, parou para construir a própria casa. E encontrou outras coisas para fazer. Na comunidade próxima, Morro do Céu, reuniu um grupo de meninas para formar um time de futebol que se pôs a treinar.
E os sócios vieram. Moradores de Porto Alegre, São Leopoldo, gente de mais longe até, que decidiam comprar casas. Para organizar o empreendimento, Celso e sua mulher, Paula Andreazza, optaram por um sistema de concessões. Cada pessoa podia escolher ser sócia do clube, comprar um título de propriedade com direito a terreno, ou uma concessão de serviço – o mercado, manutenção de bicicletas, telefonia, transporte. Formaram uma empresa para erguer um grande hotel.
Luiz Marcio de Rosa Melo não conhecia a filha. Chefe de segurança de um shopping em Porto Alegre, saía tão cedo que Yanka ainda dormia e chegava tão tarde, de ônibus, que ela já adormecera. Yan, o mais velho, tinha só dois anos. Um dia, numa rodoviária, seu pai soube da Colina. Ouviu dizer que era em Taquara, saltou do ônibus, andou quatro quilômetros morro acima e negaram-lhe a entrada – homem sozinho não podia. Empreiteiro, voltou no final de semana seguinte com a mulher. No terceiro, trouxe o filho, foram contratados para erguer uma cabana. Logo que a primeira terminou e outras encomendas vieram, Marcio mudou-se com a mulher, Tati, e as crianças. Seus móveis eram tão poucos e baratos que nem valeu o transporte. Em sua casa, no início, havia colchões e só.
Para ele, foi mais fácil; em quatro dias, tirou a roupa. "Lá em casa, do jeito que fui criada", lembra Tatiane Oliveira, "não me despia nem na frente da minha mãe." Como o marido, conseguiu trabalho na Colina – seis dias por semana, punha-se na guarita da entrada, onde roupa era obrigatória. Demorou um ano, vivendo entre gente nua, até um dia de verão a pino de 1998. "Aí quando decidi tirar, 'hoje tá calor, hoje vou me liberar', uma moça gritou 'Tati, tu tá nua!', me enrolei na canga e custou mais uma semana."
A experiência valeu, ela ainda trabalha na recepção e recebe os novos visitantes amarrada numa canga. "Eles chegam, 'mas, bá, só vim conhecer', e eu digo 'claro', mostro o lugar e vou sentindo como vêem e aí, lentamente, desamarro, vou me despindo, e, quando você vê, eles passam o fim de semana, vêm no outro, ficam sócios, querem também uma casa."
Cabanas construídas com madeira de reflorestamento
Próxima parte - Da utopia à realidade
Um ano para tirar a roupa
Tuca chegou da Espanha em meados de 1995. Tinha 46 anos, estava cansado de tudo. Mal falava com a filha, já com mais de 20, cria de um namoro que desandou – na verdade, pai ausente, jamais a conheceu direito e, quando finalmente a procurou, ela não queria muita conversa. "Até hoje, parece que há uma barreira entre nós." Seu casamento também descarrilava, a mulher tinha planos, queria ser juíza. E Tuca era um porra-louca sem rumo.
Na pilha de cartas que encontrou à porta de seu apartamento, em Porto Alegre, sacou a do amigo Celso. "Comprei uma área na Taquara para um clube", ele dizia, "vem conhecer, vem trabalhar comigo". Encontrou um nada: 600 mil metros quadrados a 50 quilômetros da capital gaúcha, 200 metros acima do mar, arames farpados, plantação de cebolas e gado magro. Fincou sua barraca de camping, voltou na semana seguinte para nunca mais sair.
Celso Pinto e João Ubiratan dos Santos, o Tuca, já tinham história. Dez anos antes, em 85, fizeram da Praia do Pinho, em Santa Catarina, o primeiro reduto naturista do Brasil. Era ilegal, na época. Mas quando os comboios policiais apareciam lá longe, rapidamente vestiam roupas para impedir a prisão. Tanto insistiram que o Pinho foi liberado. "Quando o Celso me escreveu", ele lembra, "eu tinha que apostar, você não o conheceu, mas ele era esse tipo de pessoa. Este era o empreendimento dele, o olhar dele. Joguei todas minhas economias aqui."
A Colina do Sol abriu para sócios em agosto de 95. A idéia é que fosse um clube para naturistas passarem o verão, os fins de semana, um lugar onde pudessem ter uma casinha de campo, não mais que 100 metros quadrados, de todo ecologicamente correta. No início, usavam madeira de reflorestamento crua, o que jogava para baixo o preço de construção. Os empregados do clube deveriam ser também naturistas. Tinha de ser um lugar fechado, protegido.
Aos 34 anos, nunca passara pela cabeça de Etacir Manske tirar a roupa em público. Criou-se em Águas de Chapecó, interior de Santa Catarina, de onde saiu aos 21 anos para Mato Grosso, de lá pegou o caminho de Rondônia, conseguiu emprego público, casou, teve uma sorveteria na Bahia, descasou, foi parar no Rio Grande do Sul vendendo equipamento fotográfico. Uma namorada naturista deu para freqüentar a Colina, ele achava estranho. Então, ela teve um sonho – "te vi lá", disse, ao que ele respondeu: "trabalhar pelado? Tá louca?"
No 10 de abril, em 96, Eta chegou, caía um temporal desgraçado. Trabalhou com Tuca um bom tempo, na implantação da área de camping da Colina – e viveu em barraca um bocado. Só dois anos depois, parou para construir a própria casa. E encontrou outras coisas para fazer. Na comunidade próxima, Morro do Céu, reuniu um grupo de meninas para formar um time de futebol que se pôs a treinar.
E os sócios vieram. Moradores de Porto Alegre, São Leopoldo, gente de mais longe até, que decidiam comprar casas. Para organizar o empreendimento, Celso e sua mulher, Paula Andreazza, optaram por um sistema de concessões. Cada pessoa podia escolher ser sócia do clube, comprar um título de propriedade com direito a terreno, ou uma concessão de serviço – o mercado, manutenção de bicicletas, telefonia, transporte. Formaram uma empresa para erguer um grande hotel.
Luiz Marcio de Rosa Melo não conhecia a filha. Chefe de segurança de um shopping em Porto Alegre, saía tão cedo que Yanka ainda dormia e chegava tão tarde, de ônibus, que ela já adormecera. Yan, o mais velho, tinha só dois anos. Um dia, numa rodoviária, seu pai soube da Colina. Ouviu dizer que era em Taquara, saltou do ônibus, andou quatro quilômetros morro acima e negaram-lhe a entrada – homem sozinho não podia. Empreiteiro, voltou no final de semana seguinte com a mulher. No terceiro, trouxe o filho, foram contratados para erguer uma cabana. Logo que a primeira terminou e outras encomendas vieram, Marcio mudou-se com a mulher, Tati, e as crianças. Seus móveis eram tão poucos e baratos que nem valeu o transporte. Em sua casa, no início, havia colchões e só.
Para ele, foi mais fácil; em quatro dias, tirou a roupa. "Lá em casa, do jeito que fui criada", lembra Tatiane Oliveira, "não me despia nem na frente da minha mãe." Como o marido, conseguiu trabalho na Colina – seis dias por semana, punha-se na guarita da entrada, onde roupa era obrigatória. Demorou um ano, vivendo entre gente nua, até um dia de verão a pino de 1998. "Aí quando decidi tirar, 'hoje tá calor, hoje vou me liberar', uma moça gritou 'Tati, tu tá nua!', me enrolei na canga e custou mais uma semana."
A experiência valeu, ela ainda trabalha na recepção e recebe os novos visitantes amarrada numa canga. "Eles chegam, 'mas, bá, só vim conhecer', e eu digo 'claro', mostro o lugar e vou sentindo como vêem e aí, lentamente, desamarro, vou me despindo, e, quando você vê, eles passam o fim de semana, vêm no outro, ficam sócios, querem também uma casa."
Cabanas construídas com madeira de reflorestamento
Próxima parte - Da utopia à realidade
Parte I - Todo mundo nu
Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.
Todo mundo nu
04.02.2005 | Está seco na Colina do Sol. A grama amarelada é quase palha, o termômetro parece não baixar dos 35 nem à noite. Nos dias anteriores, um foco de fumaça provocou uma corrida de carros pela vila à procura de sua origem. Era num morro distante, o fogo debelou-se. Mas o segundo alarme é pior: vem de uma das cabanas, todas foram construídas em madeira, o proprietário parece estar fora. Etacir força a entrada – novamente, um susto; fumaça contra insetos, um produto para afastar mosquitos ou aranhas das redondezas. O dono da casa havia chegado mais cedo para passar o carnaval.
Estão todos nus. Na Colina, há 88 cabanas e, contando o comércio, hotel, albergue e restaurante, passa de 100 o número de construções, todas seguindo um mesmo padrão. Em vinte delas, os moradores são permanentes, casais, famílias que optaram por viver nuas em comunidade. O número aumenta todos os anos. Gente como Raul e Beth, donos do mercadinho; Collins, o prefeito, e Marlene; Etacir e Verônica, que gerencia a lojinha de souvenirs; Fritz e Barbara, com seu hotelzinho de um quarto. Marcelito e Iara tiveram o primeiro filho dali: Iago faz quatro anos em março. Não há na América Latina coisa igual, uma cidadezinha onde todos andam nus. Nem na Europa. Poucas nos Estados Unidos.
Marcelito e Iara, pais do primeiro filho da Colina
Próxima parte - Um ano para tirar a roupa
Todo mundo nu
04.02.2005 | Está seco na Colina do Sol. A grama amarelada é quase palha, o termômetro parece não baixar dos 35 nem à noite. Nos dias anteriores, um foco de fumaça provocou uma corrida de carros pela vila à procura de sua origem. Era num morro distante, o fogo debelou-se. Mas o segundo alarme é pior: vem de uma das cabanas, todas foram construídas em madeira, o proprietário parece estar fora. Etacir força a entrada – novamente, um susto; fumaça contra insetos, um produto para afastar mosquitos ou aranhas das redondezas. O dono da casa havia chegado mais cedo para passar o carnaval.
Estão todos nus. Na Colina, há 88 cabanas e, contando o comércio, hotel, albergue e restaurante, passa de 100 o número de construções, todas seguindo um mesmo padrão. Em vinte delas, os moradores são permanentes, casais, famílias que optaram por viver nuas em comunidade. O número aumenta todos os anos. Gente como Raul e Beth, donos do mercadinho; Collins, o prefeito, e Marlene; Etacir e Verônica, que gerencia a lojinha de souvenirs; Fritz e Barbara, com seu hotelzinho de um quarto. Marcelito e Iara tiveram o primeiro filho dali: Iago faz quatro anos em março. Não há na América Latina coisa igual, uma cidadezinha onde todos andam nus. Nem na Europa. Poucas nos Estados Unidos.
Marcelito e Iara, pais do primeiro filho da Colina
Próxima parte - Um ano para tirar a roupa
O repórter tira ou não tira a roupa?
Matéria realizada pelo site no mínimo.
O repórter tira ou não tira a roupa?
Pedro Doria
.. | Na segunda-feira, último dia de janeiro de 2005, pouco antes do carnaval, cheguei à Colina para fazer um perfil da única cidadezinha da América Latina onde as pessoas andam nuas. Estava já há pouco mais de seis meses dedicado a uma série de reportagens sobre comportamento sexual e foi numa destas, entrevistando o fotógrafo norueguês Petter Hegre, que soube da existência da comunidade. Custou um mês negociando, telefonemas constantes e um longo email de apresentação.
Estava apreensivo. Sabia que, na área residencial, a nudez não era obrigatória, por conta de os moradores receberem visitas que não necessariamente são nudistas. Mas sabia também que, para conhecer todo o lugar, me despir seria inevitável. E o prefeito local, Colin Peter Collins, já havia deixado claro no primeiro telefonema que, se eu esperava conversar com as pessoas e ouvir suas histórias, deveria me comportar como todos.
Ao aterrissar no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, fui recebido por Fritz Louderback, que coincidentemente esperava dois hóspedes norte-americanos que chegariam aproximadamente no mesmo horário. Na Colina, após o registro na recepção, segui ao hotel e decidi vestir um short, colocando máquina fotográfica, blocos de notas, canetas e lapiseira numa mochila. Collins me recebeu menos de uma hora depois, para um tour a pé pela propriedade. Ao entrar numa área onde as placas vermelhas exigiam nudez total, o coordenador não pediu nada – só após alguns minutos é que achei por bem perguntar se devia me livrar da roupa. "Seria conveniente", ele respondeu com altivez britânica. Mas foi tornarem à área residencial que de presto me vestiu novamente.
A primeira entrevista, com Eta e sua mulher Verônica, à porta de sua lojinha de souvenires, conduzi vestido. Conversamos por mais de hora sem que o casal mencionasse o fato. Quando a história que contavam chegou ao ponto da primeira vez em que se despiram, comentei com Eta que havia de ser difícil o auto-controle, afinal, "com tanta mulher circulando por aí". Ele riu e respondeu que todo mundo acabava se acostumando. Verônica completou, confiante: "Você vai ver." Após um novo tour, no qual fui apresentado a diversos moradores, tornei ao hotel para um chuveirada – estava seco e quente, muito quente, na Colina. Ao sair do banho, calcei meias e tênis, peguei a mochila e prossegui com seu trabalho. Fazia pouco mais de quatro horas que havia chegado.
Ao anoitecer de seu segundo dia de reportagem, quando finalmente uma chuva miúda veio salvar os gramados e derrubar a temperatura, quase lamentei a necessidade de me vestir por conta do frio. Só Jorge, o alemão, continuou nu na Colina do Sol.
Publicaremos a matéria todo em capítulos. Aguardem!
O repórter tira ou não tira a roupa?
Pedro Doria
.. | Na segunda-feira, último dia de janeiro de 2005, pouco antes do carnaval, cheguei à Colina para fazer um perfil da única cidadezinha da América Latina onde as pessoas andam nuas. Estava já há pouco mais de seis meses dedicado a uma série de reportagens sobre comportamento sexual e foi numa destas, entrevistando o fotógrafo norueguês Petter Hegre, que soube da existência da comunidade. Custou um mês negociando, telefonemas constantes e um longo email de apresentação.
Estava apreensivo. Sabia que, na área residencial, a nudez não era obrigatória, por conta de os moradores receberem visitas que não necessariamente são nudistas. Mas sabia também que, para conhecer todo o lugar, me despir seria inevitável. E o prefeito local, Colin Peter Collins, já havia deixado claro no primeiro telefonema que, se eu esperava conversar com as pessoas e ouvir suas histórias, deveria me comportar como todos.
Ao aterrissar no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, fui recebido por Fritz Louderback, que coincidentemente esperava dois hóspedes norte-americanos que chegariam aproximadamente no mesmo horário. Na Colina, após o registro na recepção, segui ao hotel e decidi vestir um short, colocando máquina fotográfica, blocos de notas, canetas e lapiseira numa mochila. Collins me recebeu menos de uma hora depois, para um tour a pé pela propriedade. Ao entrar numa área onde as placas vermelhas exigiam nudez total, o coordenador não pediu nada – só após alguns minutos é que achei por bem perguntar se devia me livrar da roupa. "Seria conveniente", ele respondeu com altivez britânica. Mas foi tornarem à área residencial que de presto me vestiu novamente.
A primeira entrevista, com Eta e sua mulher Verônica, à porta de sua lojinha de souvenires, conduzi vestido. Conversamos por mais de hora sem que o casal mencionasse o fato. Quando a história que contavam chegou ao ponto da primeira vez em que se despiram, comentei com Eta que havia de ser difícil o auto-controle, afinal, "com tanta mulher circulando por aí". Ele riu e respondeu que todo mundo acabava se acostumando. Verônica completou, confiante: "Você vai ver." Após um novo tour, no qual fui apresentado a diversos moradores, tornei ao hotel para um chuveirada – estava seco e quente, muito quente, na Colina. Ao sair do banho, calcei meias e tênis, peguei a mochila e prossegui com seu trabalho. Fazia pouco mais de quatro horas que havia chegado.
Ao anoitecer de seu segundo dia de reportagem, quando finalmente uma chuva miúda veio salvar os gramados e derrubar a temperatura, quase lamentei a necessidade de me vestir por conta do frio. Só Jorge, o alemão, continuou nu na Colina do Sol.
Publicaremos a matéria todo em capítulos. Aguardem!
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005
Lei Gabeira! Novidades!
Está prevista para a próxima semana, a partir do dia 14 de fevereiro, a votação do projeto de Lei do deputado federal Fernando Gabeira, que permite áreas determinadas para prática do naturismo em todo território federal. A votação será realizada no Plenário do Senado Federal na primeira semana após o recesso parlamentar.
O processo de votação será televisionado ao vivo pela TV Senado.
O processo de votação será televisionado ao vivo pela TV Senado.
WNBR 2005 - 13 de Fevereiro
Convocação Geral:
TODOS OS INTERESSADOS EM REALIZAR O PASSEIO MUNDIAL NU DE BICICLETA, DEVEM ESTAR NO IBIRAPUERA NO DIA 13 DE FEVEREIRO ATÉ AS 10 HORAS DA MANHÃ. NINGUÉM TIRA ROUPA NENHUMA ATÉ TODOS ESTAREM LÁ. SE FOR MUITA GENTE REALIZAMOS O PASSEIO ALEGRE AO NATURAL.
Quando:13 de Fevereiro de 2005
Onde: Parque do Ibirapuera(na ponte de ferro, perto da Marquise, local de aluguel de bicicletas)
Torcemos pelo sucesso do evento!
Blog Naturista
TODOS OS INTERESSADOS EM REALIZAR O PASSEIO MUNDIAL NU DE BICICLETA, DEVEM ESTAR NO IBIRAPUERA NO DIA 13 DE FEVEREIRO ATÉ AS 10 HORAS DA MANHÃ. NINGUÉM TIRA ROUPA NENHUMA ATÉ TODOS ESTAREM LÁ. SE FOR MUITA GENTE REALIZAMOS O PASSEIO ALEGRE AO NATURAL.
Quando:13 de Fevereiro de 2005
Onde: Parque do Ibirapuera(na ponte de ferro, perto da Marquise, local de aluguel de bicicletas)
Torcemos pelo sucesso do evento!
Blog Naturista
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005
Projeto de Lei de regulamenta o nudismo - Fernando Gabeira
Segue o Projeto de lei que regulamenta o nudismo no Brasil. Esse projeto deve ser votado pelo Senado ainda no mês de Fevereiro de 2005.
Áreas para o nudismo
Projeto de lei nº 1.411, de 1996
(Do Deputado Fernando Gabeira)
Fixa normas gerais para a prática do naturalismo e dá outras providências.
(ÀS COMISSÕES DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS; E DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO - ART. 24, II)
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º A presente lei estabelece normas gerais para a prática da atividade denominada naturismo e para a criação de espaços naturistas.
Art. 2º Denomina-se naturismo o conjunto de práticas de vida ao ar livre em que é utilizado o nudismo como forma de desenvolvimento da saúde física e mental das pessoas de qualquer idade, através de sua plena integração com a natureza.
Parágrafo único: A atividade definida no caput deste artigo, em áreas autorizadas, não constitui ilícito penal.
Art. 3º Denominam-se espaços naturistas as áreas destinadas à prática do naturismo nas praias, campos, sítios, fazendas, áreas de campismo, clubes, espaços para esportes aquáticos, unidades hoteleiras e similares em que seja autorizada a prática do naturismo, em âmbito federal, estadual ou municipal.
§ 1º O titular de autorização para implantar espaço naturista é responsável pela estrita observância da legislação ambiental e sanitária vigente, assim como por delimitar e sinalizar devidamente a área, de forma escrita ou figurativa que indique claramente a respectiva destinação, desde o limite externo ou principal acesso à àrea, segundo as normas e determinações pertinentes estabelecidas pelo poder público.
§ 2º A competência para fiscalizar os espaços naturistas é das autoridades administrativas responsáveis pela concessão da respectiva autorização ou alvará de funcionamento na esfera de poder pertinente.
§ 3º O poder público poderá, de ofício ou em face de requerimento do postulante da licença, condicionar a autorização de utilização de determinada área como espaço naturisma a determinado período do ano ou espeço de tempo.
Art. 4º Respeitadas as normas gerais fixadas pela União, os Estados, Distrito Federal e municípios poderão, em suas área de jurisdição e no limite de suas competências constitucionais e legais, estabelecer normas próprias para a prática do naturismo, de acodo com suas peculiaridades regionais e locais.
Art. 5º O poder executivo regulamentará esta lei, no que couber, em 120 (cento e vinte) dias.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Justificativa
A Associação Naturista do Estado do Rio de Janeiro, através do Partido Verde, encaminhou ao nosso pleito no sentido de que sejam fixadas em lei federal normas gerais para a prática do naturismo em nosso país.
É importante lembrar que o naturismo, conforme é hoje praticado, nasceu na Alemanha, em 1903, tendo hoje mais de setenta milhões de adeptos espalhados pelo mundo.
Trata-se de uma prática esportiva e de uma filosofia de vida. Segundo a definição da Federação Internacional de Naturismo, que hoje coordena trinta e quatro federações nacionais, responsáveis por 850 clubes e mais de 1500 praias, entende-se por naturismo "o modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, com o objetivo de favorecer o auto-respeito, o respeito pelo outro e pela natureza."
Segundo a legislação brasileira, o meio ambiente é bem público de uso comum do povo e a Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do art. 225, caput e § 4º da Constituição Federal, necessário, portanto, que a sua utilização seja feita nos termos previstos em lei, dentro de condições que não só democratizem o acesso a essas áreas, como garantam a presenvação do meio ambiente.
Não seria legítimo, por exemplo, restringir determinada área ou praia pública a um único grupo de pessoas, tampaouco alterar a composição da vegetação de determinado ecossistema, substituindo espécies menos volumosas por outras mais densas, de forma a criar uma barreira natural à visão de determinada àrea ou região - da mesma forma como não seria razoável vedar-se a prática do naturismo ou considerá-la tipo penal.
Em face dos condionamentos culturais existentes no país, necessário é, pois, que a atividade seja regulamentada e que se permita, de acordo com determinadas regras e condições assimiláveis pela coletividade, a sua prática dentro de parâmetros para tanto fixados.
Legalmente, esta regulamentação teria dois efeitos práticos: elidir a incidência das normas penais referentes a atentado ao pudor nos casos e condições especificados e fornecer suporte normativo à autorização da atividade pelo poder público, que se tornará significativa, do ponto de vista ambiental e sanitário, à medida em que a mesma se expandir.
É importanto ressaltar, por outro lado, que a competência legal para emissão de autorização ou licença é do poder público, a quuem compete arcar com os ônus da má-concessão e responder por eventuais danos que qualquer atividade inadequadamente autorizada causar, não podendo delegar este poder-dever seu a organizações não-governamentais, quer nacionais ou estrangeiras.
De outro lado, convém ressaltar que, em sede de normas federais, deve a atividade legislativa nesta matéria limitar-se aos aspectos gerias e penais, não invadindo ou se subsumindo em competência estadual ou municipal para a expedição de licenças ou autorizações referentes às áreas sob seu domínio.
Sala das sessões, em
Deputado FERNANDO GABEIRA
"LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA
COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS – C e DI"
Áreas para o nudismo
Projeto de lei nº 1.411, de 1996
(Do Deputado Fernando Gabeira)
Fixa normas gerais para a prática do naturalismo e dá outras providências.
(ÀS COMISSÕES DE DEFESA DO CONSUMIDOR, MEIO AMBIENTE E MINORIAS; E DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO - ART. 24, II)
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º A presente lei estabelece normas gerais para a prática da atividade denominada naturismo e para a criação de espaços naturistas.
Art. 2º Denomina-se naturismo o conjunto de práticas de vida ao ar livre em que é utilizado o nudismo como forma de desenvolvimento da saúde física e mental das pessoas de qualquer idade, através de sua plena integração com a natureza.
Parágrafo único: A atividade definida no caput deste artigo, em áreas autorizadas, não constitui ilícito penal.
Art. 3º Denominam-se espaços naturistas as áreas destinadas à prática do naturismo nas praias, campos, sítios, fazendas, áreas de campismo, clubes, espaços para esportes aquáticos, unidades hoteleiras e similares em que seja autorizada a prática do naturismo, em âmbito federal, estadual ou municipal.
§ 1º O titular de autorização para implantar espaço naturista é responsável pela estrita observância da legislação ambiental e sanitária vigente, assim como por delimitar e sinalizar devidamente a área, de forma escrita ou figurativa que indique claramente a respectiva destinação, desde o limite externo ou principal acesso à àrea, segundo as normas e determinações pertinentes estabelecidas pelo poder público.
§ 2º A competência para fiscalizar os espaços naturistas é das autoridades administrativas responsáveis pela concessão da respectiva autorização ou alvará de funcionamento na esfera de poder pertinente.
§ 3º O poder público poderá, de ofício ou em face de requerimento do postulante da licença, condicionar a autorização de utilização de determinada área como espaço naturisma a determinado período do ano ou espeço de tempo.
Art. 4º Respeitadas as normas gerais fixadas pela União, os Estados, Distrito Federal e municípios poderão, em suas área de jurisdição e no limite de suas competências constitucionais e legais, estabelecer normas próprias para a prática do naturismo, de acodo com suas peculiaridades regionais e locais.
Art. 5º O poder executivo regulamentará esta lei, no que couber, em 120 (cento e vinte) dias.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Justificativa
A Associação Naturista do Estado do Rio de Janeiro, através do Partido Verde, encaminhou ao nosso pleito no sentido de que sejam fixadas em lei federal normas gerais para a prática do naturismo em nosso país.
É importante lembrar que o naturismo, conforme é hoje praticado, nasceu na Alemanha, em 1903, tendo hoje mais de setenta milhões de adeptos espalhados pelo mundo.
Trata-se de uma prática esportiva e de uma filosofia de vida. Segundo a definição da Federação Internacional de Naturismo, que hoje coordena trinta e quatro federações nacionais, responsáveis por 850 clubes e mais de 1500 praias, entende-se por naturismo "o modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, com o objetivo de favorecer o auto-respeito, o respeito pelo outro e pela natureza."
Segundo a legislação brasileira, o meio ambiente é bem público de uso comum do povo e a Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do art. 225, caput e § 4º da Constituição Federal, necessário, portanto, que a sua utilização seja feita nos termos previstos em lei, dentro de condições que não só democratizem o acesso a essas áreas, como garantam a presenvação do meio ambiente.
Não seria legítimo, por exemplo, restringir determinada área ou praia pública a um único grupo de pessoas, tampaouco alterar a composição da vegetação de determinado ecossistema, substituindo espécies menos volumosas por outras mais densas, de forma a criar uma barreira natural à visão de determinada àrea ou região - da mesma forma como não seria razoável vedar-se a prática do naturismo ou considerá-la tipo penal.
Em face dos condionamentos culturais existentes no país, necessário é, pois, que a atividade seja regulamentada e que se permita, de acordo com determinadas regras e condições assimiláveis pela coletividade, a sua prática dentro de parâmetros para tanto fixados.
Legalmente, esta regulamentação teria dois efeitos práticos: elidir a incidência das normas penais referentes a atentado ao pudor nos casos e condições especificados e fornecer suporte normativo à autorização da atividade pelo poder público, que se tornará significativa, do ponto de vista ambiental e sanitário, à medida em que a mesma se expandir.
É importanto ressaltar, por outro lado, que a competência legal para emissão de autorização ou licença é do poder público, a quuem compete arcar com os ônus da má-concessão e responder por eventuais danos que qualquer atividade inadequadamente autorizada causar, não podendo delegar este poder-dever seu a organizações não-governamentais, quer nacionais ou estrangeiras.
De outro lado, convém ressaltar que, em sede de normas federais, deve a atividade legislativa nesta matéria limitar-se aos aspectos gerias e penais, não invadindo ou se subsumindo em competência estadual ou municipal para a expedição de licenças ou autorizações referentes às áreas sob seu domínio.
Sala das sessões, em
Deputado FERNANDO GABEIRA
"LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA
COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS – C e DI"
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005
50 coisas pra se fazer em casa! Sem roupas, é claro!
Pra quem acha que é chato ficar pelado em casa ou pra quem nunca experimentou, tem vontade, mas não sabe o que fazer, experimente fazer isso:
1. Estudar para a prova;
2. Ouvir música;
3. Ler um livro;
4. Ver um filme na TV;
5. Jogar video-game;
6. Passear na internet;
7. Falar ao telefone;
8. Escrever uma carta;
9. Assistir a novela;
10. Jogar cartas;
11. Secar o cabelo;
12. Fazer a barba;
13. Arrumar o quarto;
14. Descansar no sofá;
15. Assistir desenho animado;
16. Mandar um e-mail;
17. Comer pipoca;
18. Dançar a música preferida;
19. Conversar sobre coisas sem importância;
20. Fazer palavras-cruzada;
21. Esperar o calor passar;
22. Tirar uma soneca numa tarde de férias;
23. Fazer nada;
24. Meditar;
25. Rezar;
26. Pensar na vida;
27. Lavar a roupa;
28. Colocar a roupa para secar;
29. Tomar sorvete direto do pote;
30. Lavar a louça;
31. Secar a louça;
32. Passar um trote em um amigo;
33. Receber em casa um amigo naturista ou um que não tenha medo e não se importe em ver um corpo nu;
34. Cantar a música preferida na frente do espelho;
35. Cortar as unhas;
36. Fazer as unhas;
37. Arrumar as gavetas;
38. Arrumar o armário;
39. Jogar coisas velhas fora;
40. Comprar coisas novas pela internet;
41. Colocar as roupas de volto só para ter certeza de que é melhor sem elas;
42. Fazer exercícios;
43. Esquecer dos problemas;
44. Tocar violão;
45. Ficar se olhando no espelho;
46. Esperar o corpo secar depois do banho;
47. Escovar os dentes;
48. Fazer uma sauna;
49. Visitar o Mente Limpa – Corpo Livre ;
50. Sonhar com um mundo melhor
Se você já fez ou gosta de fazer alguma coisa dessas aí sem roupas, prepare-se para uma revelação...
Você é naturista e ainda não sabia!
1. Estudar para a prova;
2. Ouvir música;
3. Ler um livro;
4. Ver um filme na TV;
5. Jogar video-game;
6. Passear na internet;
7. Falar ao telefone;
8. Escrever uma carta;
9. Assistir a novela;
10. Jogar cartas;
11. Secar o cabelo;
12. Fazer a barba;
13. Arrumar o quarto;
14. Descansar no sofá;
15. Assistir desenho animado;
16. Mandar um e-mail;
17. Comer pipoca;
18. Dançar a música preferida;
19. Conversar sobre coisas sem importância;
20. Fazer palavras-cruzada;
21. Esperar o calor passar;
22. Tirar uma soneca numa tarde de férias;
23. Fazer nada;
24. Meditar;
25. Rezar;
26. Pensar na vida;
27. Lavar a roupa;
28. Colocar a roupa para secar;
29. Tomar sorvete direto do pote;
30. Lavar a louça;
31. Secar a louça;
32. Passar um trote em um amigo;
33. Receber em casa um amigo naturista ou um que não tenha medo e não se importe em ver um corpo nu;
34. Cantar a música preferida na frente do espelho;
35. Cortar as unhas;
36. Fazer as unhas;
37. Arrumar as gavetas;
38. Arrumar o armário;
39. Jogar coisas velhas fora;
40. Comprar coisas novas pela internet;
41. Colocar as roupas de volto só para ter certeza de que é melhor sem elas;
42. Fazer exercícios;
43. Esquecer dos problemas;
44. Tocar violão;
45. Ficar se olhando no espelho;
46. Esperar o corpo secar depois do banho;
47. Escovar os dentes;
48. Fazer uma sauna;
49. Visitar o Mente Limpa – Corpo Livre ;
50. Sonhar com um mundo melhor
Se você já fez ou gosta de fazer alguma coisa dessas aí sem roupas, prepare-se para uma revelação...
Você é naturista e ainda não sabia!
Reportagem sobre Naturismo na Revista da Folha
O Brasil tem cerca de 300 mil naturistas, um número modesto pelo tamanho da costa brasileira
Mar, areia, sol, corpos dourados. O Brasil não seria Brasil, no imaginário tupiniquim ou globalizado, sem suas milhares de praias e mulheres de biquínis minúsculos, quase virtuais. Mas com toda essa fama, e por mais experimentado que seja o freqüentador do litoral, ele fica corado (não bronzeado) diante de uma categoria de praias que ainda o intimida: as naturistas.
Não adianta: por mais maduro que o movimento nudista queira parecer no Brasil, a tribo dos que usam sungão e biquíni, maioria arrasadora da população, ainda reage com uma curiosidade infantil quando alguém diz que esteve em uma praia dessas: “Como é: fica todo mundo pelado mesmo?"; “Tem mulher bonita ou só gente pelancuda?"; “Muito gay?"; “O povo transa na praia?".
Isso mostra que não é tão fácil conciliar a indiferença européia com o fantasioso inconsciente coletivo dos trópicos. Se na Alemanha, onde o naturismo surgiu no início do século 20, vovós e netinhos promovem alegres convescotes com as partes ao léu, aqui embaixo, a indefinição é o regime, como diz a canção.
O número de praticantes do movimento no Brasil dobrou nos últimos cinco anos, segundo a Federação Brasileira de Naturismo. Calcula-se que hoje existam cerca de 300 mil naturistas no país - levando-se em conta a dimensão da costa brasileira, um percentual ainda muito pequeno. O movimento não se restringe às regiões litorâneas do país. É cada vez mais comum Estados sem praias criarem clubes e ranchos onde a prática é permitida.
O litoral brasileiro tem diversas categorias de praias naturistas. Nas “toleradas", a prática é aceita e não existem regras de conduta nem fiscalização. As “eventuais” são geralmente desertas, isoladas e de difícil acesso. Nas “oficiais", a prática é referendada pela prefeitura. Essas são as mais sérias e rígidas, contam com associação, legislação de proteção aos naturistas, manual de normas de conduta e, geralmente, fiscais voluntários. No litoral brasileiro, há apenas sete: Pinho, Galheta e Pedras Altas, em Santa Catarina; Abricó, no Rio de Janeiro; Barra Seca, no Espírito Santo; Massarandupió, na Bahia; e Tambaba, na Paraíba.
São as oficiais (nem todas) que normalmente abrigam uma subcategoria: as praias “pudicas” ou “caretas", que proíbem a entrada de homens sozinhos e casais gays. Seu público costuma ser uma mistura de famílias e casais héteros comportados.
Já as de “azaração", ou “pegação", recebem um público misto, que pode estar a fim de ver e ser visto (ou pegar e ser pego) sem a repressão de patrulheiros. Acolhem homens e mulheres de qualquer orientação sexual(*).
Nem sempre a convivência é tranqüila. De um lado, ficam os adeptos, uma população fixa, que cultiva a filosofia de liberdade e interação com a natureza (**). Do outro, os eventuais, turistas, curiosos, iniciantes e os visitantes indesejáveis, mais interessados na sacanagem.
As visitas mostram que nenhum dos dois lados costuma ser hegemônico. Existe gente tarada nas chamadas “praias para famílias", assim como há naturistas verdadeiros e respeito à privacidade alheia nas de “pegação".
Mandamentos
Embora as perguntas do segundo parágrafo possam soar blasfêmicas aos ouvidos naturistas, elas não são assim tão descabidas. Respondendo aos curiosos, sim, na maior parte das vezes todos têm de ficar pelados (a exceção entre as cinco praias visitadas pela reportagem é Galheta, em Florianópolis, onde a nudez é opcional); sim, a idéia é não dar importância ao “corpo físico” e por isso as “pelancudas” são tão bem-vindas quanto os “violões"; sim, há muitos gays, e, finalmente, sim, boa parte deles e também alguns casais novidadeiros parecem ser mais chegados a uma transa nas pedras do que à beleza da natureza.
Na entrada das praias oficiais, há uma placa elencando o “código de ética” (leia na pág. 15), que inclui “evitar comportamento sexualmente abusivo"; “não portar ou usar drogas ilícitas"; “não fazer propostas inconvenientes com conotação sexual".
“Geralmente, casais que se encaminham para as pedras querem sacanagem. No início, quando comecei aqui, parecia o Vietnã: olhava para o mato, só via cabecinha entrincheirada", conta o segurança Vilmar Mello, 31, um dos seis contratados desde dezembro para controlar os excessos dos visitantes na praia do Pinho, a pioneira do Brasil, em Santa Catarina.
Com um walkie-talkie na mão, Vilmar e seus colegas espalhados pela praia se comunicam para avisar qualquer movimento suspeito. Eles estão ali também para impedir o ingresso de “clandestinos” pelo morro lateral que possibilita o acesso pela praia vizinha -no Pinho paga-se R$ 5 o ingresso de carro e R$ 1, a pé.
“A praia é explorada comercialmente pelos herdeiros de um pedreiro conhecido como o ‘velho (Domingos) Fonseca’, já morto, que comprou as terras do entorno a preço de banana", explica João Luiz da Cruz, 45, um dos militantes voluntários.
Os familiares (únicos de roupa no local) administram o camping, a pousada e o bar na beira da praia; os naturistas se outorgam o direito de impor a filosofia na areia. A própria reportagem foi barrada quando disse que pretendia (com as devidas autorizações) entrevistar e fotografar os banhistas.
“Não dá pra fazer", recusou secamente Elmo (ele não quis dizer o sobrenome), vice-presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho, pelo interfone de sua casa naturista. Depois de algumas negociações, voluntários e o próprio presidente permitiram que a equipe entrasse e entrevistasse os que se dispusessem.
A tentativa de interdição ocorre em outros lugares, ignorando o aspecto legal. Nas praias em que o naturismo é oficializado, a lei autoriza a prática, mas não dá aos adeptos o direito de obrigar os visitantes a tirar a roupa, atitude comum em parte delas.
“Entende-se que estejam tentando proteger o grupo de desrespeitos ao código de ética ou de abordagens sexuais invasivas etc. Mas impedir a entrada de quem quer que seja, vestido ou não, é absolutamente ilegal. A lei autoriza a pratica do naturismo, não a privatização do local", explica o advogado Hedio Silva Jr, doutor em direito institucional pela PUC e conselheiro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
Um truque comum usado pelas iniciantes para evitar a nudez total é dizer que está menstruada -nesses, ou naqueles dias, os naturistas toleram que a mulher use só a parte de baixo do biquíni. A jornalista de Salvador Melissa, 23, que pediu para não ser identificada, era uma dessas. “Eu morria de curiosidade, então vim com uns amigos. Mas estou de OB e não quero que ninguém perceba", dizia ela, em sua primeira incursão numa praia do gênero, Massarandupió, na Bahia.
Tribos diferentes
A nudez impositiva não é o único aspecto que destoa da filosofia corpo & natureza & harmonia pregada pelos movimento. O que fazer com a numerosa fatia GLBT dos freqüentadores é outro grande problema, segundo Elias Alves Pereira, 60, presidente da federação.
“Não podemos discriminar ninguém, nem gays nem lésbicas, temos de aceitá-los, mas esse é um assunto muito polêmico no meio", diz. “Os adeptos ainda criam muita resistência. A praia naturista é um modelo para a família, então eles dizem: ‘O que vou dizer para o meu filho de oito, nove anos, se chegarem dois homens e começarem a se beijar na nossa frente?’.”
“Separar os gays do resto da praia é um absurdo, é crime. Aqui, temos o maior respeito pela orientação sexual das pessoas, e só tira a roupa quem quer", defende a gaúcha Suela Dili Bretanha, 54, tesoureira da Associação Amigos da Galheta, de Florianópolis.
“Acho legal separar os gays dos outros banhistas porque somos fashion, vivemos mais intensamente a sexualidade e os assuntos são outros", declara o tradutor argentino Martin Barrer, 38, que está em Galheta com o namorado.
Elias Pereira afirma que a federação também recomenda permitir a entrada de homens sozinhos. “Mas é preciso passar por uma entrevista. É naturista? Já freqüentou outros pontos? Conhece o código de ética? Não é só chegar e ir entrando.”
Em Massarandupió, uma das “oficiais", dois homens tentaram em vão entrar: foram imediatamente expulsos por dois patrulheiros, que se auto-proclamam “xerifes". “São duas bichas", explicou um dos diretores à reportagem, negando-se a dar seu nome completo. “O problema é que bicha não controla a ‘feminilidade’. Já lésbicas são bem-vindas.” Por quê? “Lésbicas são sensuais, bichas são agressivas", acredita.
Os naturistas arraigados argumentam que a discriminação é necessária “senão o povo não entende". “Infelizmente a cultura do brasileiro não permite a convivência de todos os banhistas como um grupo só. Tem o cara que vem para ver mulher pelada mesmo. Então, é preciso dar uma organizada, senão vira outra coisa", diz Carlos Galz, 51, presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho.
Foi essa tentativa de “dar uma organizada” que acabou criando uma instituição bem brasileira, a “faixa de adaptação", um espaço para o debutante constrangido: ali ele pode ficar o tempo necessário até tomar coragem de ficar nu.
“Será que a gente pode tirar o calção lá no meio?", perguntam, na praia do Abricó, no Rio, três homens que se recusam a se identificar porque dizem estar “fugindo das mulheres". Cerca de uma hora depois, os três gritam para a reportagem, alterados, com latinhas de cerveja nas mãos: “Ó, a gente tá pelado! Entramos!”
Olhar estrangeiro
A miscelânea de permissividade e controle desconcerta os turistas, principalmente estrangeiros. “Aqui o público é muito diferente do que freqüenta praias semelhantes na França", compara na Bahia a fisioterapeuta francesa Sylvie Henry, 48, que costuma freqüentar o resort naturista Cap d’Agde, no sul da França, e praias em Ibiza, na Espanha, com o marido, o exportador de vinhos Marco, 48. “Lá é tudo misturado, todo tipo de gente junto. Aqui, se alguns homens chegam sozinhos, são postos para fora. Por que não podem entrar e tomar uma ‘cerveza’? Se causarem problema, aí tudo bem expulsar", diz.
“O mais engraçado é que no Brasil as mulheres cobrem o traseiro com uma nesguinha de pano, mas acham um tabu ficar peladas", dizem, intrigados, o engenheiro de som Andrew Rutland, 35, e a bailarina Serena Bobowski, 31, ingleses, de férias em Búzios.
Nas mais rígidas, a inflexibilidade acaba tirando muito do relaxado e descontraído “clima de praia” a que o brasileiro está acostumado. “Se você vai a uma praia normal, conversa, faz sinal, mas aqui fica inibida com essa patrulha toda. É esquisito", diz a pedagoga Márcia Fiorotto, 37, que chega na Abricó com o irmão e a cunhada.
O problema é que a obsessão com a nudez faz alguns naturistas se portarem como aquele anfitrião de uma festa à fantasia que não relaxa nunca, porque tem que fiscalizar se quem chega usa o traje adequado. No Rio, o presidente da Associação Naturista Abricó, Pedro Ribeiro, e seus companheiros passam a maior parte do tempo pedindo que os visitantes tirem a sunga ou o biquíni quando atravessam a faixa de adaptação.
“A nossa idéia era chegar, escolher um lugar, abrir o guarda-sol e tirar a sunga", diz o funcionário público mineiro Márcio Almeida, 34, que está com dois amigos na faixa de adaptação. “Mas eles não nos deram tempo, já partiram pra cima da gente. Ficamos meio desconcertados com o tratamento de choque e recuamos.”
Os envolvidos com o movimento não dão sopa nem aos próprios companheiros. “No congresso naturista do ano passado havia ‘anjos’ de várias idades, sem roupa, e, apesar de todos serem muito esclarecidos, não reagiram bem quando eu comentei: ‘Nossa, Fulano tem uma pinta no pinto’. Uma psicanalista conceituada me repreendeu: ‘Tá olhando o sexo dos outros, Andréa?", conta a professora de matemática Andréa Lúcia Costa, 32, que está com o marido e um casal de amigos em Olho de Boi, Búzios, litoral fluminense.
Olhar e erotismo
A obrigação moral de desviar o olhar ou de achar tudo natural nem sempre funciona. O músico Ubirajara Santana, 51, frequentador da praia do Pinho há 14 anos, conta ao lado da mulher, a tosadora Sandra Borges, 45, que o filho mais novo do casal não os acompanha mais: “Ele tem 16 anos, freqüentou a praia até os 12, mas aí surgiu um obstáculo que o envergonhava diante das amiguinhas. O pênis dele ficou muito grande".
Isso não incomoda os mais maduros. “Eu fico à vontade, nem penso em olhar para mulher nenhuma", afirma o aposentado Carlos Guimarães, 57, de Salvador, que freqüenta Massarandupió há oito anos, com a mulher, Maria da Graça, 47, microempresária. Carlos acha que praia naturista não tem nada a ver com sexo. “Todos os meus amigos morrem de vontade de vir. O problema é que o baiano quer ver a mulher do outro, mas não quer mostrar a dele. Aí o cara chega aqui e vê que não tem como ter uma ereção", conta, rindo.
“A gente está na tribo dos pintos murchos", confirma o professor de economia Angelo Caciatori, 38, recém-naturista, em Abricó. “É preciso haver uma deserotização, porque senão você não consegue encarar isso aqui.”
Para os nudistas de primeira viagem, que ganham o apelido de “ventilador” -porque ficam girando a cabeça de um lado para o outro, olhando tudo e todos, geralmente cobertos por boné e óculos escuros-, essa deserotização chega a ser chocante. “Quem vem de fora vê que não tem nada de erótico. Muita gente fica frustrada", conta o engenheiro carioca Inácio, 42, sem dar o nome completo, depois de tirar fotos de sua acompanhante de 25 anos no chuveiro de água doce. As imagens são um tradicional “suvenir” masculino quando a moça faz a linha mulherão.
A ausência do biquíni, quem diria, é um dos pontos levantados como fator deserotizante. “Tenho um amigo que diz que, de biquíni, a mulher entra na praia rebolando; sem ele, perde o rebolado", diverte-se o carioca Angelo.
Algumas delas concordam. “Eu me acho muito mais gostosa de biquíni, os caras paqueram. Aqui as pessoas se policiam para não olhar para o corpo da gente. Estou louca para colocar a minha calcinha de volta", diz a pedagoga Marcia, no Abricó. A professora Andréa Lúcia, que está em Olho de Boi, pensa o oposto, com o ponto de vista de uma mulher que mede 1,65 m e está “muito acima do peso": “Eu me sinto mais exposta de biquíni do que pelada: então, ou estou sem roupa, ou de maiô", explica.
Hora de se vestir. À saída da praia, o visitante percebe que falar muito do assunto funciona como uma espécie de antídoto contra o entusiasmo da novidade. Repetir mil vezes a palavra “nudismo", olhando para o objeto do comentário, faz sobreviver apenas um punhado de bundas, peitos e genitálias despidos de um significado erótico. Por isso, pela primeira vez, é realmente estranho vestir alguma coisa por cima da pele.
(*)
ONDE SE TIRA TUDO
17 lugares para praticar o naturismo no Brasil
PARAÍBA
- Tambaba
A primeira praia naturista oficial do nordeste e uma das mais festejadas do país. A 45 Km de João Pessoa, é freqüentada por famílias, casais e turistas estrangeiros
BAHIA
- Massarandupió
A única praia naturista oficial da Bahia, fica pouco depois da Costa do Sauípe, 130 Km ao norte de Salvador. Selvagem, para chegar é preciso enfrentar estrada de terra, travessia a pé de rio e caminhada nas dunas. Recebe casais, famílias e turistas estrangeiros. Homens sozinhos não entram
DISTRITO FEDERAL
- Planat
O Clube Naturista Planalto Central tem como sede uma fazenda a 50 Km de Brasília, com 96 hectares, freqüentada principalmente por famílias
MINAS GERAIS
- Rama Nat
Estância com piscinas, quadras, pesqueiro, chalés, apartamentos e área para camping. Também organiza festas temáticas. Para famílias e casais. Fica a 110 Km de São Paulo, pela Fernão Dias
ESPÍRITO SANTO
- Barra Seca
É preciso atravessar de barco o rio Ipiranga, já que essa praia oficial fica numa ilha no município de Linhares, a 142 Km de Vitória. Freqüentada por casais e famílias
RIO DE JANEIRO
- Abricó
Entre a Prainha e Grumari, é praia oficial de naturismo desde 2003. Recebe turistas, casais, jovens e curiosos
- Olho de Boi
Fica em Búzios. Tem acesso difícil e é freqüentada por gays, estrangeiros e casais. "Pegação" nas pedras
- Figueira
Pequena, fica entre a praia e as piscinas do Cachadaço, em Trindade, quase na divisa com São Paulo. Recebe jovens e casais
- Recanto Paraíso
Clube naturista em Piraí, a 90 Km do Rio, que oferece chalés e área para camping. Freqüência familiar
SÃO PAULO
- Clube Rincão
Hotel-fazenda em Guaratinguetá, a 176 Km da capital, com piscina, quadras, restaurante, sauna e outras áreas de convívio social. Recebe casais e famílias
- Praia Brava
Em São Sebastião (litoral norte), fica praticamente deserta na baixa temporada, quando é freqüentada por naturistas. Acesso por uma trilha que sai de Boiçucanga ou de barco, a partir de Maresias
- Praia de Castelhanos
Em Ilhabela, tembém utilizada dirante a baixa temporada, por ser isolada e de difícil acesso
SANTA CATARINA
- Praia do Pinho
O naturismo brasileiro começou aqui, em Camboriú. Primeira praia nudista a ser oficializada no país, tem três faixas distintas: para casais e famílias, solteiros e gays
- Galheta
Praia bombada de Florianópolis, é oficial e pluralista: aceita gays, héteros, famílias, todo tipo de gente. "Pegação" nas dunas
- Pedras Altas
Em Palhoça, a 20 Km da capital, é cercada por formações rochosas, que fazem com que a área fique mais isolada. Um lado é reservado para casais e famílias; o outro, para solteiros
RIO GRANDE DO SUL
- Colina do Sol
Uma minicidade naturista em Taquara, a 70 Km de Porto Alegre, onde vivem algumas famílias e para onde vão veranistas. Oferece comércio, serviços, áreas de lazer e esportes
- Portal do Paraíso
Em Gravataí, a 37 Km da capital gaúcha, é um clube naturista aberto a casais ou solteiros. Oferece piscina, lagos, pousada e área para camping
(**)
CONCEITO
Na definição da Federação Internacional de Naturismo, é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez em grupo e que visa favorecer o respeito por si e pelo outro, além do cuidado com o meio ambiente.
HISTÓRIA
Surgiu na Alemanhã no início do século 20, como resposta ao comportamento rígido do século 19. Em 1903, foi fundado o primeiro clube naturista do mundo, perto de Hamburgo. A prática se espalhou pela Europa, principalmente depois da 1ª Guerra, e, nos anos 50, foi criada a Federação Internacional de Naturismo. O movimento é disseminado nos países escandinavos, na França, Alemanha, Holanda e Bélgica, e também nos EUA e Canadá.
MANUAL ÉTICO OFICIAL DO NATURISMO
- Adotar integralmente a nudez no recinto naturista
- Usar toalhas e similares nos assentos públicos
- Estimular, através da discrição, respeito e amabilidade, que visitantes ainda não-adeptos sintam-se à vontade para iniciar-se na prática
- Receber com simpatia e aceitação qualquer tentativa amigável e respeitosa de aproximação
- Respeitar espaços e privacidade desejados por outros naturistas
- Qualquer ato de caráter sexual ou obsceno em locais de acesso público, praticado ou sugerido, implicará em imediata expulsão
- É proibido fotografar ou filmar sem autorização da diretoria e das pessoas envolvidas nas imagens
Fonte: Paulo Sampaio e Débora Yuri
Colaborou: Roberto de Oliveira
Folha de São Paulo - Revista da Folha, 30 de janeiro, 2005
Mar, areia, sol, corpos dourados. O Brasil não seria Brasil, no imaginário tupiniquim ou globalizado, sem suas milhares de praias e mulheres de biquínis minúsculos, quase virtuais. Mas com toda essa fama, e por mais experimentado que seja o freqüentador do litoral, ele fica corado (não bronzeado) diante de uma categoria de praias que ainda o intimida: as naturistas.
Não adianta: por mais maduro que o movimento nudista queira parecer no Brasil, a tribo dos que usam sungão e biquíni, maioria arrasadora da população, ainda reage com uma curiosidade infantil quando alguém diz que esteve em uma praia dessas: “Como é: fica todo mundo pelado mesmo?"; “Tem mulher bonita ou só gente pelancuda?"; “Muito gay?"; “O povo transa na praia?".
Isso mostra que não é tão fácil conciliar a indiferença européia com o fantasioso inconsciente coletivo dos trópicos. Se na Alemanha, onde o naturismo surgiu no início do século 20, vovós e netinhos promovem alegres convescotes com as partes ao léu, aqui embaixo, a indefinição é o regime, como diz a canção.
O número de praticantes do movimento no Brasil dobrou nos últimos cinco anos, segundo a Federação Brasileira de Naturismo. Calcula-se que hoje existam cerca de 300 mil naturistas no país - levando-se em conta a dimensão da costa brasileira, um percentual ainda muito pequeno. O movimento não se restringe às regiões litorâneas do país. É cada vez mais comum Estados sem praias criarem clubes e ranchos onde a prática é permitida.
O litoral brasileiro tem diversas categorias de praias naturistas. Nas “toleradas", a prática é aceita e não existem regras de conduta nem fiscalização. As “eventuais” são geralmente desertas, isoladas e de difícil acesso. Nas “oficiais", a prática é referendada pela prefeitura. Essas são as mais sérias e rígidas, contam com associação, legislação de proteção aos naturistas, manual de normas de conduta e, geralmente, fiscais voluntários. No litoral brasileiro, há apenas sete: Pinho, Galheta e Pedras Altas, em Santa Catarina; Abricó, no Rio de Janeiro; Barra Seca, no Espírito Santo; Massarandupió, na Bahia; e Tambaba, na Paraíba.
São as oficiais (nem todas) que normalmente abrigam uma subcategoria: as praias “pudicas” ou “caretas", que proíbem a entrada de homens sozinhos e casais gays. Seu público costuma ser uma mistura de famílias e casais héteros comportados.
Já as de “azaração", ou “pegação", recebem um público misto, que pode estar a fim de ver e ser visto (ou pegar e ser pego) sem a repressão de patrulheiros. Acolhem homens e mulheres de qualquer orientação sexual(*).
Nem sempre a convivência é tranqüila. De um lado, ficam os adeptos, uma população fixa, que cultiva a filosofia de liberdade e interação com a natureza (**). Do outro, os eventuais, turistas, curiosos, iniciantes e os visitantes indesejáveis, mais interessados na sacanagem.
As visitas mostram que nenhum dos dois lados costuma ser hegemônico. Existe gente tarada nas chamadas “praias para famílias", assim como há naturistas verdadeiros e respeito à privacidade alheia nas de “pegação".
Mandamentos
Embora as perguntas do segundo parágrafo possam soar blasfêmicas aos ouvidos naturistas, elas não são assim tão descabidas. Respondendo aos curiosos, sim, na maior parte das vezes todos têm de ficar pelados (a exceção entre as cinco praias visitadas pela reportagem é Galheta, em Florianópolis, onde a nudez é opcional); sim, a idéia é não dar importância ao “corpo físico” e por isso as “pelancudas” são tão bem-vindas quanto os “violões"; sim, há muitos gays, e, finalmente, sim, boa parte deles e também alguns casais novidadeiros parecem ser mais chegados a uma transa nas pedras do que à beleza da natureza.
Na entrada das praias oficiais, há uma placa elencando o “código de ética” (leia na pág. 15), que inclui “evitar comportamento sexualmente abusivo"; “não portar ou usar drogas ilícitas"; “não fazer propostas inconvenientes com conotação sexual".
“Geralmente, casais que se encaminham para as pedras querem sacanagem. No início, quando comecei aqui, parecia o Vietnã: olhava para o mato, só via cabecinha entrincheirada", conta o segurança Vilmar Mello, 31, um dos seis contratados desde dezembro para controlar os excessos dos visitantes na praia do Pinho, a pioneira do Brasil, em Santa Catarina.
Com um walkie-talkie na mão, Vilmar e seus colegas espalhados pela praia se comunicam para avisar qualquer movimento suspeito. Eles estão ali também para impedir o ingresso de “clandestinos” pelo morro lateral que possibilita o acesso pela praia vizinha -no Pinho paga-se R$ 5 o ingresso de carro e R$ 1, a pé.
“A praia é explorada comercialmente pelos herdeiros de um pedreiro conhecido como o ‘velho (Domingos) Fonseca’, já morto, que comprou as terras do entorno a preço de banana", explica João Luiz da Cruz, 45, um dos militantes voluntários.
Os familiares (únicos de roupa no local) administram o camping, a pousada e o bar na beira da praia; os naturistas se outorgam o direito de impor a filosofia na areia. A própria reportagem foi barrada quando disse que pretendia (com as devidas autorizações) entrevistar e fotografar os banhistas.
“Não dá pra fazer", recusou secamente Elmo (ele não quis dizer o sobrenome), vice-presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho, pelo interfone de sua casa naturista. Depois de algumas negociações, voluntários e o próprio presidente permitiram que a equipe entrasse e entrevistasse os que se dispusessem.
A tentativa de interdição ocorre em outros lugares, ignorando o aspecto legal. Nas praias em que o naturismo é oficializado, a lei autoriza a prática, mas não dá aos adeptos o direito de obrigar os visitantes a tirar a roupa, atitude comum em parte delas.
“Entende-se que estejam tentando proteger o grupo de desrespeitos ao código de ética ou de abordagens sexuais invasivas etc. Mas impedir a entrada de quem quer que seja, vestido ou não, é absolutamente ilegal. A lei autoriza a pratica do naturismo, não a privatização do local", explica o advogado Hedio Silva Jr, doutor em direito institucional pela PUC e conselheiro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
Um truque comum usado pelas iniciantes para evitar a nudez total é dizer que está menstruada -nesses, ou naqueles dias, os naturistas toleram que a mulher use só a parte de baixo do biquíni. A jornalista de Salvador Melissa, 23, que pediu para não ser identificada, era uma dessas. “Eu morria de curiosidade, então vim com uns amigos. Mas estou de OB e não quero que ninguém perceba", dizia ela, em sua primeira incursão numa praia do gênero, Massarandupió, na Bahia.
Tribos diferentes
A nudez impositiva não é o único aspecto que destoa da filosofia corpo & natureza & harmonia pregada pelos movimento. O que fazer com a numerosa fatia GLBT dos freqüentadores é outro grande problema, segundo Elias Alves Pereira, 60, presidente da federação.
“Não podemos discriminar ninguém, nem gays nem lésbicas, temos de aceitá-los, mas esse é um assunto muito polêmico no meio", diz. “Os adeptos ainda criam muita resistência. A praia naturista é um modelo para a família, então eles dizem: ‘O que vou dizer para o meu filho de oito, nove anos, se chegarem dois homens e começarem a se beijar na nossa frente?’.”
“Separar os gays do resto da praia é um absurdo, é crime. Aqui, temos o maior respeito pela orientação sexual das pessoas, e só tira a roupa quem quer", defende a gaúcha Suela Dili Bretanha, 54, tesoureira da Associação Amigos da Galheta, de Florianópolis.
“Acho legal separar os gays dos outros banhistas porque somos fashion, vivemos mais intensamente a sexualidade e os assuntos são outros", declara o tradutor argentino Martin Barrer, 38, que está em Galheta com o namorado.
Elias Pereira afirma que a federação também recomenda permitir a entrada de homens sozinhos. “Mas é preciso passar por uma entrevista. É naturista? Já freqüentou outros pontos? Conhece o código de ética? Não é só chegar e ir entrando.”
Em Massarandupió, uma das “oficiais", dois homens tentaram em vão entrar: foram imediatamente expulsos por dois patrulheiros, que se auto-proclamam “xerifes". “São duas bichas", explicou um dos diretores à reportagem, negando-se a dar seu nome completo. “O problema é que bicha não controla a ‘feminilidade’. Já lésbicas são bem-vindas.” Por quê? “Lésbicas são sensuais, bichas são agressivas", acredita.
Os naturistas arraigados argumentam que a discriminação é necessária “senão o povo não entende". “Infelizmente a cultura do brasileiro não permite a convivência de todos os banhistas como um grupo só. Tem o cara que vem para ver mulher pelada mesmo. Então, é preciso dar uma organizada, senão vira outra coisa", diz Carlos Galz, 51, presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho.
Foi essa tentativa de “dar uma organizada” que acabou criando uma instituição bem brasileira, a “faixa de adaptação", um espaço para o debutante constrangido: ali ele pode ficar o tempo necessário até tomar coragem de ficar nu.
“Será que a gente pode tirar o calção lá no meio?", perguntam, na praia do Abricó, no Rio, três homens que se recusam a se identificar porque dizem estar “fugindo das mulheres". Cerca de uma hora depois, os três gritam para a reportagem, alterados, com latinhas de cerveja nas mãos: “Ó, a gente tá pelado! Entramos!”
Olhar estrangeiro
A miscelânea de permissividade e controle desconcerta os turistas, principalmente estrangeiros. “Aqui o público é muito diferente do que freqüenta praias semelhantes na França", compara na Bahia a fisioterapeuta francesa Sylvie Henry, 48, que costuma freqüentar o resort naturista Cap d’Agde, no sul da França, e praias em Ibiza, na Espanha, com o marido, o exportador de vinhos Marco, 48. “Lá é tudo misturado, todo tipo de gente junto. Aqui, se alguns homens chegam sozinhos, são postos para fora. Por que não podem entrar e tomar uma ‘cerveza’? Se causarem problema, aí tudo bem expulsar", diz.
“O mais engraçado é que no Brasil as mulheres cobrem o traseiro com uma nesguinha de pano, mas acham um tabu ficar peladas", dizem, intrigados, o engenheiro de som Andrew Rutland, 35, e a bailarina Serena Bobowski, 31, ingleses, de férias em Búzios.
Nas mais rígidas, a inflexibilidade acaba tirando muito do relaxado e descontraído “clima de praia” a que o brasileiro está acostumado. “Se você vai a uma praia normal, conversa, faz sinal, mas aqui fica inibida com essa patrulha toda. É esquisito", diz a pedagoga Márcia Fiorotto, 37, que chega na Abricó com o irmão e a cunhada.
O problema é que a obsessão com a nudez faz alguns naturistas se portarem como aquele anfitrião de uma festa à fantasia que não relaxa nunca, porque tem que fiscalizar se quem chega usa o traje adequado. No Rio, o presidente da Associação Naturista Abricó, Pedro Ribeiro, e seus companheiros passam a maior parte do tempo pedindo que os visitantes tirem a sunga ou o biquíni quando atravessam a faixa de adaptação.
“A nossa idéia era chegar, escolher um lugar, abrir o guarda-sol e tirar a sunga", diz o funcionário público mineiro Márcio Almeida, 34, que está com dois amigos na faixa de adaptação. “Mas eles não nos deram tempo, já partiram pra cima da gente. Ficamos meio desconcertados com o tratamento de choque e recuamos.”
Os envolvidos com o movimento não dão sopa nem aos próprios companheiros. “No congresso naturista do ano passado havia ‘anjos’ de várias idades, sem roupa, e, apesar de todos serem muito esclarecidos, não reagiram bem quando eu comentei: ‘Nossa, Fulano tem uma pinta no pinto’. Uma psicanalista conceituada me repreendeu: ‘Tá olhando o sexo dos outros, Andréa?", conta a professora de matemática Andréa Lúcia Costa, 32, que está com o marido e um casal de amigos em Olho de Boi, Búzios, litoral fluminense.
Olhar e erotismo
A obrigação moral de desviar o olhar ou de achar tudo natural nem sempre funciona. O músico Ubirajara Santana, 51, frequentador da praia do Pinho há 14 anos, conta ao lado da mulher, a tosadora Sandra Borges, 45, que o filho mais novo do casal não os acompanha mais: “Ele tem 16 anos, freqüentou a praia até os 12, mas aí surgiu um obstáculo que o envergonhava diante das amiguinhas. O pênis dele ficou muito grande".
Isso não incomoda os mais maduros. “Eu fico à vontade, nem penso em olhar para mulher nenhuma", afirma o aposentado Carlos Guimarães, 57, de Salvador, que freqüenta Massarandupió há oito anos, com a mulher, Maria da Graça, 47, microempresária. Carlos acha que praia naturista não tem nada a ver com sexo. “Todos os meus amigos morrem de vontade de vir. O problema é que o baiano quer ver a mulher do outro, mas não quer mostrar a dele. Aí o cara chega aqui e vê que não tem como ter uma ereção", conta, rindo.
“A gente está na tribo dos pintos murchos", confirma o professor de economia Angelo Caciatori, 38, recém-naturista, em Abricó. “É preciso haver uma deserotização, porque senão você não consegue encarar isso aqui.”
Para os nudistas de primeira viagem, que ganham o apelido de “ventilador” -porque ficam girando a cabeça de um lado para o outro, olhando tudo e todos, geralmente cobertos por boné e óculos escuros-, essa deserotização chega a ser chocante. “Quem vem de fora vê que não tem nada de erótico. Muita gente fica frustrada", conta o engenheiro carioca Inácio, 42, sem dar o nome completo, depois de tirar fotos de sua acompanhante de 25 anos no chuveiro de água doce. As imagens são um tradicional “suvenir” masculino quando a moça faz a linha mulherão.
A ausência do biquíni, quem diria, é um dos pontos levantados como fator deserotizante. “Tenho um amigo que diz que, de biquíni, a mulher entra na praia rebolando; sem ele, perde o rebolado", diverte-se o carioca Angelo.
Algumas delas concordam. “Eu me acho muito mais gostosa de biquíni, os caras paqueram. Aqui as pessoas se policiam para não olhar para o corpo da gente. Estou louca para colocar a minha calcinha de volta", diz a pedagoga Marcia, no Abricó. A professora Andréa Lúcia, que está em Olho de Boi, pensa o oposto, com o ponto de vista de uma mulher que mede 1,65 m e está “muito acima do peso": “Eu me sinto mais exposta de biquíni do que pelada: então, ou estou sem roupa, ou de maiô", explica.
Hora de se vestir. À saída da praia, o visitante percebe que falar muito do assunto funciona como uma espécie de antídoto contra o entusiasmo da novidade. Repetir mil vezes a palavra “nudismo", olhando para o objeto do comentário, faz sobreviver apenas um punhado de bundas, peitos e genitálias despidos de um significado erótico. Por isso, pela primeira vez, é realmente estranho vestir alguma coisa por cima da pele.
(*)
ONDE SE TIRA TUDO
17 lugares para praticar o naturismo no Brasil
PARAÍBA
- Tambaba
A primeira praia naturista oficial do nordeste e uma das mais festejadas do país. A 45 Km de João Pessoa, é freqüentada por famílias, casais e turistas estrangeiros
BAHIA
- Massarandupió
A única praia naturista oficial da Bahia, fica pouco depois da Costa do Sauípe, 130 Km ao norte de Salvador. Selvagem, para chegar é preciso enfrentar estrada de terra, travessia a pé de rio e caminhada nas dunas. Recebe casais, famílias e turistas estrangeiros. Homens sozinhos não entram
DISTRITO FEDERAL
- Planat
O Clube Naturista Planalto Central tem como sede uma fazenda a 50 Km de Brasília, com 96 hectares, freqüentada principalmente por famílias
MINAS GERAIS
- Rama Nat
Estância com piscinas, quadras, pesqueiro, chalés, apartamentos e área para camping. Também organiza festas temáticas. Para famílias e casais. Fica a 110 Km de São Paulo, pela Fernão Dias
ESPÍRITO SANTO
- Barra Seca
É preciso atravessar de barco o rio Ipiranga, já que essa praia oficial fica numa ilha no município de Linhares, a 142 Km de Vitória. Freqüentada por casais e famílias
RIO DE JANEIRO
- Abricó
Entre a Prainha e Grumari, é praia oficial de naturismo desde 2003. Recebe turistas, casais, jovens e curiosos
- Olho de Boi
Fica em Búzios. Tem acesso difícil e é freqüentada por gays, estrangeiros e casais. "Pegação" nas pedras
- Figueira
Pequena, fica entre a praia e as piscinas do Cachadaço, em Trindade, quase na divisa com São Paulo. Recebe jovens e casais
- Recanto Paraíso
Clube naturista em Piraí, a 90 Km do Rio, que oferece chalés e área para camping. Freqüência familiar
SÃO PAULO
- Clube Rincão
Hotel-fazenda em Guaratinguetá, a 176 Km da capital, com piscina, quadras, restaurante, sauna e outras áreas de convívio social. Recebe casais e famílias
- Praia Brava
Em São Sebastião (litoral norte), fica praticamente deserta na baixa temporada, quando é freqüentada por naturistas. Acesso por uma trilha que sai de Boiçucanga ou de barco, a partir de Maresias
- Praia de Castelhanos
Em Ilhabela, tembém utilizada dirante a baixa temporada, por ser isolada e de difícil acesso
SANTA CATARINA
- Praia do Pinho
O naturismo brasileiro começou aqui, em Camboriú. Primeira praia nudista a ser oficializada no país, tem três faixas distintas: para casais e famílias, solteiros e gays
- Galheta
Praia bombada de Florianópolis, é oficial e pluralista: aceita gays, héteros, famílias, todo tipo de gente. "Pegação" nas dunas
- Pedras Altas
Em Palhoça, a 20 Km da capital, é cercada por formações rochosas, que fazem com que a área fique mais isolada. Um lado é reservado para casais e famílias; o outro, para solteiros
RIO GRANDE DO SUL
- Colina do Sol
Uma minicidade naturista em Taquara, a 70 Km de Porto Alegre, onde vivem algumas famílias e para onde vão veranistas. Oferece comércio, serviços, áreas de lazer e esportes
- Portal do Paraíso
Em Gravataí, a 37 Km da capital gaúcha, é um clube naturista aberto a casais ou solteiros. Oferece piscina, lagos, pousada e área para camping
(**)
CONCEITO
Na definição da Federação Internacional de Naturismo, é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez em grupo e que visa favorecer o respeito por si e pelo outro, além do cuidado com o meio ambiente.
HISTÓRIA
Surgiu na Alemanhã no início do século 20, como resposta ao comportamento rígido do século 19. Em 1903, foi fundado o primeiro clube naturista do mundo, perto de Hamburgo. A prática se espalhou pela Europa, principalmente depois da 1ª Guerra, e, nos anos 50, foi criada a Federação Internacional de Naturismo. O movimento é disseminado nos países escandinavos, na França, Alemanha, Holanda e Bélgica, e também nos EUA e Canadá.
MANUAL ÉTICO OFICIAL DO NATURISMO
- Adotar integralmente a nudez no recinto naturista
- Usar toalhas e similares nos assentos públicos
- Estimular, através da discrição, respeito e amabilidade, que visitantes ainda não-adeptos sintam-se à vontade para iniciar-se na prática
- Receber com simpatia e aceitação qualquer tentativa amigável e respeitosa de aproximação
- Respeitar espaços e privacidade desejados por outros naturistas
- Qualquer ato de caráter sexual ou obsceno em locais de acesso público, praticado ou sugerido, implicará em imediata expulsão
- É proibido fotografar ou filmar sem autorização da diretoria e das pessoas envolvidas nas imagens
Fonte: Paulo Sampaio e Débora Yuri
Colaborou: Roberto de Oliveira
Folha de São Paulo - Revista da Folha, 30 de janeiro, 2005
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