quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

Parte IV - Todos pelados na casa do sogro

Matéria realizada pelo repórter Pedro Dória, do site no mínimo.


Todos pelados na casa do sogro

Aos 17 anos, Marcelito Lima era insaciável. Já vivia sozinho, tinha transado aos 14 e seguia o exemplo dos quatro irmãos mais velhos: não podia passar menina que fosse ali por Pelotas. Forte, lutava caratê, com o vago sonho nunca realizado de estudar medicina. De todo indisciplinado. Então, conheceu Iara. Ela tinha 14 anos, uma guria linda, loura, carregava a faixa de "Garota Pelotense" e era presença constante nos clipes da tevê regional. Ele não teve dúvidas, chegou perto – mas ela era filha da dona Zenir, professora do Sílvia Mello, justamente seu colégio. Dona Zenir era do pior tipo de professora, austera; e ele, naturalmente, era do pior tipo de aluno.

Mas em algo encantou a menina Iara, apesar da mancada inicial: achou que seu pai era avô, dada a idade. Apresentou sua mãe aos pais da moça, tudo como cabe num namoro direito da tradicional família. E as coisas já iam mais ou menos bem fazia um mês quando bateu à porta da menina. O senhor ex-padre da Teologia da Libertação, perseguido pela ditadura, professor de teologia que Marcelito um dia achou com cara de avô da namorada o recebeu nu. "Achei que era gay, né?" Mas, quando entrou, dona Zenir também estava nua. Como Zumbi, o filho caçula. E Iara.

Ela interrompe sua história, rindo, "Imagina você, chega na casa da sua namorada, e ela pelada?" Marcelito tira a roupa, fica de cuecas; "não, é tudo", diz o sogro. "Isso era uma idéia do meu pai, mesmo. Desde pequenos, mais de metade das minhas fotos de infância a gente está sem roupa. Íamos à praia do Cassino, regiões desertas. Só que não dava para ficar falando no colégio. Quando estava ficando mais adolescente e as minhas amigas iam lá, eu falava para botar roupa. O pai e a mãe sempre falaram muito conosco, até sobre isso de começarmos a namorar muito cedo, ele sempre dizia 'ó, vocês não se prendam', porque ele foi padre até os 50, ele mesmo começou a vida sexual dele tarde, aí ele viu, a gente, que era novo, e achava que tinha que aproveitar porque, e depois, se passa a adolescência e descobrimos que não ia dar certo?"

Mas deu certo. Em 1998, Marcelito e Iara, como também Zumbi, seu irmão, mudaram-se para a Colina. A mãe de Marcelito já o visitou, como um de seus irmãos – "mas eles nunca se pelaram". Os dois riem quando ela conta: "O irmão dele me vê pelada e pensa bá, que cara trouxa." Como muitas das meninas, durante a semana Iara não anda pelo espaço de todo nua – a canga, ela a amarra na cintura ligeira qual mini-saia, que um vento leve ou um cruzar de pernas expõe. É por conta dos funcionários vestidos. Eles já não olham mais, estão acostumados. "Mas o cara vestido põe um pudor, não tem jeito."


Dia de entregas no restaurante

Próxima parte - O contato físico é proibido

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